Folha de S. Paulo


Ex-secretário do PT diz que vendia cestas de Natal para empreiteiras

Luiz Carlos Murauskas - 08.jun.2005/Folhapress
EXECUTIVA NACIONAL DO PT. SAO PAULO - JUNHO, 08: Reuniao da Executiva Nacional do PT em 08 JUNHO 2005, no Diretorio Nacional do PT, rua Silveira, 132, Mesa esq.p/direita: Silvio Pereira, secretario geral, Jose Genoino, presidente, Marlene Rocha, vogal, e Delubio Soares de Castro, secretario financas. (Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem - 0614 - SP05573-2005,Snapfoto02;13, Brasil)
O ex-secretário-nacional do Partido dos Trabalhadores Silvio Pereira é alvo de prisão preventiva

O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira disse em depoimento que recebeu pagamentos de empreiteiras porque fornecia "cestas de Natal" para essas empresas.

Preso na Operação Lava Jato na última sexta-feira (1º), Silvio é suspeito de receber cerca de R$ 500 mil de construtoras como forma de comprar seu silêncio. Ele foi investigado no processo do mensalão, mas não virou réu na ocasião porque tinha firmado um acordo com o Ministério Público Federal.

Em depoimento nesta segunda (4), Silvio se apresentou aos investigadores como "cozinheiro" e disse que vendeu um "pacote promocional" de cestas para a empreiteira OAS presentear clientes e funcionários, que custava cerca de R$ 80 mil.

O ex-secretário afirmou ainda que recebeu R$ 35,7 mil em 2011 da construtora UTC, também para fornecer cestas de Natal. Silvinho, como é conhecido, não explicou vários dos outros pagamentos recebidos.

Os investigadores questionaram sobre uma mensagem de 2011 em que o empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, perguntava a ele sobre uma "proposta". O ex-secretário petista respondeu que o assunto referia-se a um projeto de "revista de culinária" e negou que tenha sido um "cala boca".

Ele contou ainda que fez um trabalho de "monitoramento eleitoral" para o executivo Augusto Mendonça, réu em ações da Lava Jato, e que pelo serviço ganhou R$ 154 mil em 2010.

Duas empresas do ex-secretário receberam ao menos R$ 2 milhões de campanhas eleitorais de candidatos petistas a partir de 2008. Ele disse que alugou carros de som para a campanha do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012, por R$ 250 mil, e que promovia eventos em seu restaurante.

RONAN

Também depôs o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP). Preso desde sexta, ele é acusado de ter recebido cerca de R$ 6 milhões do PT após suposta chantagem ao ex-presidente Lula e aos ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho.

A suspeita dos investigadores é que a chantagem estivesse ligada ao assassinato, em 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ou ao esquema de corrupção instalado na prefeitura na gestão do petista.

Rebatendo as suspeitas, Ronan afirmou aos investigadores que jamais chantageou integrantes do PT e que tomou um empréstimo de R$ 5,7 milhões, em 2004, para comprar novos ônibus para suas empresas de transporte.

O empréstimo, segundo ele, foi negociado com a empresa Via Investe –que lhe fora apresentada pelo jornalista Breno Altman, ligado ao PT e amigo de Dirceu–, mas o dinheiro foi de fato liberado pela Remar Agenciamento e Assessoria. Ronan afirmou que pagou à Remar parcelas de R$ 319 mil mensais para quitar sua dívida.

DELÚBIO

Em depoimento à PF, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou que o empréstimo de R$ 12 milhões adquirido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, em 2004, junto ao Banco Schahin "remonta à campanha municipal eleitoral de Campinas (SP)".

Preso em outubro na Lava Jato, Bumlai confessou que o valor foi direcionado ao PT e teve a quitação simulada.

Delúbio diz que foi procurado pela campanha do candidato do PDT à Prefeitura da Campinas em 2004, Dr. Helio, que disputou o segundo turno contra o tucano Carlos Sampaio.


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