Folha de S. Paulo


Sobrevivência do governo Dilma depende de Lula, avalia Planalto

A equipe de Dilma Rousseff acredita que pode barrar o pedido de impeachment em tramitação na Câmara, mas avalia que a sobrevivência final depende de o ex-presidente Lula assumir um papel de protagonismo no comando do governo.

Segundo assessores, Dilma passou a ter chances de vencer a primeira batalha do impeachment com a entrega de cargos a partidos como PP e PR, mas corre o risco de, no dia seguinte, enfrentar um clima de que não tem mais como governar o país.

O governo teme uma leva de novos pedidos de impeachment que podem tramitar na Câmara –principalmente diante de novas revelações de delações premiadas que estão em curso.

O aprofundamento da crise econômica, cujo enfrentamento ficou relegado a segundo plano diante da prioridade estabelecida pelo governo de derrotar a votação do impeachment, também tende a complicar a situação.

Diante do cenário de paralisia, assessores presidenciais e petistas destacam que Lula faria a diferença e teria de praticamente assumir como se estivesse à frente de um terceiro mandato presidencial.

Um interlocutor do ex-presidente lembra que foi sua chegada ao centro das negociações políticas que inflamou a militância e alterou o ânimo do governo, que saiu de um sentimento de derrota para uma expectativa de vitória.

No início da semana passada, com o rompimento do PMDB, a sensação era de fim de linha. Logo depois, porém, o governo conseguiu conter a debandada de outros aliados e promoveu até um novo racha entre peemedebistas a partir de articulações comandadas pelo ex-presidente.

A semana terminou sem que os ministros do PMDB deixassem o governo e com o Planalto prometendo para segunda (4) um novo formato da Esplanada dos Ministérios, com mais espaço para outros aliados.

Na avaliação de auxiliares, se esta montagem for bem-sucedida, o governo pode ganhar a votação do impeachment. Aí, dizem, Dilma terá de creditar a Lula boa parte da eventual vitória sobre o impeachment e dividir com ele as rédeas de sua administração.

O risco, avaliam interlocutores do ex-presidente, é que Dilma adote o roteiro de outras crises. Quando ela está em dificuldades, busca ajuda de seu criador. Quando as supera, se distancia.

Nas palavras de um assessor presidencial, para provar que merece ficar no cargo até 2018, a presidente terá de apresentar um "plano de governo de médio prazo", incluindo reformas estruturais e políticas de geração de renda e emprego.

Esse plano, porém, para ter credibilidade, teria de ser montado pelo ex-presidente, uma espécie de "Plano Lula".

Segundo aliados do petista, ele incluiria o lançamento de uma nova versão da "Carta aos Brasileiros", apresentada pelo ex-presidente em 2002 para acalmar o mercado financeiro sobre sua candidatura presidencial.


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