Folha de S. Paulo


Para Alckmin, governo de São Paulo descobriu máfia da merenda

Bruno Santos - 28.fev.2016/Folhapress
Governador Geraldo Alckmin vota nas prévias do PSDB, realizadas neste domingo (28)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (30) que foi o próprio Estado, por meio da Polícia Civil, que descobriu as fraudes cometidas em contratos de merenda do governo de São Paulo e ao menos 22 prefeituras.

"Quem fez a investigação foi o governo do Estado, foi a Polícia Civil. Existe uma lei federal que diz que, do dinheiro que o governo federal passa para a merenda, 30% tem de comprar de agricultura familiar", afirmou o tucano em Araraquara (a 273 km de São Paulo), onde participou da inauguração de uma fábrica de trens e composições ferroviárias da Hyundai-Rotem Brasil.

"O governo, em cinco anos, fez três chamadas [concorrências] para a agricultura familiar. Ganhou o menor preço e o produto foi entregue. O que se verificou é que dentro da tal da cooperativa Coaf eles faziam estelionato, porque o produto que eles entregavam não era da agricultura familiar", disse ele.

O governador falou ainda sobre o cartel de trens na capital e disse que o governo é vítima das empresas.

Nesta terça-feira (29), na segunda etapa da operação Alba Branca, sete suspeitos de envolvimento com o caso foram presos -entre eles, está Leonel Julio (hoje sem partido), ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo.

A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), com sede em Bebedouro, é apontada como a responsável pelo esquema conhecido como máfia da merenda. A operação Alba Branca apura o pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda escolar com o governo Alckmin e prefeituras de São Paulo.

Contratos de prefeituras com a Coaf somam pelo menos R$ 7 milhões entre 2013 e 2015. O valor deve subir, segundo o Ministério Público, pois há mais prefeituras sendo investigadas.

Alckmin afirmou ainda que a cooperativa era usada de fachada. "Isso foi descoberto pelo governo, pela polícia, e [deve ter] rigor absoluto. Investigação e justiça. Já estão presos e vão responder por isso", disse o tucano.

Fraude da Merenda

CARTEL DE TRENS

Para o governador, o Estado é vítima do cartel de trens em São Paulo. "Se empresas se uniram para diminuir disputa, o Estado é vítima. Se alguém do governo participou disso, [deve ter] punição exemplar. Até agora não tem ninguém, é tudo de empresa privada."

Para ele, o governo deve ser indenizado e, para evitar a formação de cartel, é necessário que mais empresas participem das licitações.

Nesta segunda (28), a Justiça de São Paulo aceitou nova denúncia criminal sobre o cartel de trens no Estado e transformou em réus cinco executivos que trabalharam para a empresa francesa Alstom e dois da espanhola CAF.

O tucano disse ainda que esta quarta é um dia histórico, pela entrada de uma empresa asiática no mercado de trens. "Não existia asiático disputando mercado aqui nas Américas. Geralmente era europeu. Agora não, estão vindo novas empresas", afirmou, em relação à inauguração da Hyundai-Rotem.

Sobre a saída do PMDB do governo Dilma, Alckmin afirmou que a posição tomada pelo partido tem grande significado pelo fato de ser a maior legenda, "maior até que o PT".

"O importante é cumprir a Constituição brasileira. Vejo muitos petistas dizendo que impeachment é golpe. Não, não é golpe. Tanto não é golpe que o PT propôs impeachment contra Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique, no primeiro e segundo mandatos."

Ele afirmou ainda que, se o país vivesse um sistema parlamentarista, Dilma já teria sido substituída, porque perdeu maioria na Casa. "Como nós vivemos o sistema presidencialista, tem mandato. Então você pode substituir, a Constituição prevê, por impeachment. Quando você rompe os princípios constitucionais, seja por questões fiscais, por probidade, enfim, várias questões previstas."

Questionado sobre o não pagamento de bônus aos professores da rede, ele afirmou que, com a crise econômica, houve dificuldades em manter o pagamento e que a Secretaria de Estado da Educação está discutindo o assunto com professores.

Avener Prado/Folhapress
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