Folha de S. Paulo


Partidos reagem contra manobra de Cunha para enterrar sua cassação

Partidos governistas e de oposição reagiram nesta terça-feira (29) à tentativa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de inflar o número de aliados no Conselho de Ética, órgão que conduz um processo de cassação contra ele.

Cunha patrocinou um projeto de resolução, que pode ser votado nesta terça, para redimensionar a participação partidária em todos os órgãos da Casa, inclusive no Conselho.

O processo contra Cunha segue de pé por margem estreita de votos —11 a 10 — no Conselho. O novo cálculo proposto pelo peemedebista muda essa correlação de forças a seu favor.

"É uma manobra inaceitável e tem o objetivo de zerar o jogo no Conselho de Ética", afirmou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), que prometeu ingressar no Supremo Tribunal Federal caso o projeto seja aprovado.

O líder do PT, Afonso Florence, também partiu para o ataque: "Todo o Brasil tem acompanhado os golpes sucessivos do deputado Eduardo Cunha no Conselho de Ética para sequer ser investigado. Não tem mais condições de o deputado Eduardo Cunha continuar na presidência da Câmara dos Deputados."

A oposição também se disse contra o texto. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), afirmou que não irá aceitar mudanças na composição do Conselho. "É inadmissível, é o maior dos absurdos chegar a um momento desses em que estamos discutindo o país com uma manobra dessas", disse o deputado Júlio Delgado (MG), representante do PSB no Conselho.

De acordo com o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), também integrante do Conselho, "esta é mais uma atitude absurda e desesperada do representado que age para enfraquecer o Conselho de Ética". Segundo afirmou via assessoria, "é necessário que o plenário da Câmara rejeite esta resolução sob o risco de se desmoralizar perante a opinião pública que acompanha cada passo do Congresso Nacional, principalmente neste que é dos momentos mais importantes da recente história política do país."

OUTRO LADO

Cunha negou que tenha elaborado a resolução com o objetivo de ganhar maioria no Conselho de Ética. O seu argumento é o de que o recente troca-troca partidário obriga a remodelagem da participação partidária em todas as comissões da Casa.

O peemedebista afirma que seus críticos querem politizar uma adequação técnica.

Cunha voltou a negar que irá renunciar ao cargo, como parte de um suposto acordo com congressistas para aprovar o impeachment de Dilma. "Saio daqui em 1º de fevereiro de 2017", se limitou a dizer, afirmando que versões distintas não passam de "fofoca de coluna social".


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