Folha de S. Paulo


Cunha saúda desembarque do PMDB e diz que partido será 'independente'

Primeiro peemedebista a anunciar publicamente o rompimento com o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comemorou nesta segunda (28) a decisão do partido de desembarcar da base. Afirmou, contudo, que a sigla não passa a se posicionar como oposição, mas sim como "independente".

"Não tem nada a ver com o processo de impedimento. Desdendo desde julho que o PMDB saia da base do governo e entregue os cargos. Não diria que o PMDB será oposição, mas sim independente, como deve tratar os temas de interesse do país, de acordo com o que ele entender melhor", disse.

A decisão de desembarcar da base aliada será oficializada nesta terça (29), mas já foi comunicada pelo vice-presidente, Michel Temer, nesta tarde após articulação do grupo favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embora o abandono ao Planalto já tivesse apoio da maioria do PMDB, o diretório de Minas Gerais só optou por esse caminho nesta segunda à tarde.

Logo após as definições de hoje, o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) entregou o cargo à Dilma. Alves foi indiciação pessoal de Cunha e contou com articulação de Temer para assumir o cargo, uma vez que nunca foi próximo de Dilma. Há entre alguns dos demais ministros resistência em abandonar o governo.

Para Cunha, isso demonstra "apego ao cargo". "Acho que vai ficar ruim para os ministros. Vai parecer que eles estão apegados aos cargos, que os cargos são mais importantes que o interesse partidário".

Amanhã, o PMDB se reúne e define prazos para os demais ministros entregarem suas cadeiras ao Planalto. Nos bastidores, há tentativas de estender essas datas sob argumento de que há projetos em andamento. A estratégia é ganhar tempo numa tentativa de reverter a decisão caso o plenário da Câmara arquive o processo de impeachment de Dilma.


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