Folha de S. Paulo


Em frente à casa de Teori, no RS, ato chama ministro de 'pelego do PT'

Banda Loka Liberal/Divulgação
Protesto em frente ao apartamento do ministro do STF Teori Zavascki em Porto Alegre
Protesto em frente ao apartamento do ministro do STF Teori Zavascki em Porto Alegre

Um grupo de manifestantes protestou em frente ao condomínio do ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), na noite de terça-feira (22), no bairro Bela Vista, em Porto Alegre. Faixas com os dizeres "pelego do PT", "Teori traidor" e "deixa o Moro trabalhar" foram penduradas na fachada do prédio.

Na manhã desta quarta-feira (23) as faixas não estavam no local. O protesto foi liderado pela Banda Loka Liberal, grupo ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) que anima os protestos contra Dilma Rousseff e Lula no Rio Grande do Sul tocando músicas com ritmo de torcida de futebol e marchinha de Carnaval.

Na terça, os cânticos acusavam o ministro de "bolivariano". O grupo, que se autodefine como "opressor de socialistas", publicou vídeos e fotos na sua página do Facebook, onde o endereço do ministro foi divulgado por internautas. Cerca de 40 pessoas, segundo a organização, estavam no local.

Os manifestantes se queixavam da ordem de Zavascki para que o juiz Sergio Moro envie ao STF as investigações que envolvem o ex-presidente Lula na Lava Jato.

"Está muito claro que está acontecendo um golpe na República. Já ficou provado com os áudios [das conversas do Lula] que existia um aparelhamento do STF. A gente precisa de uma pressão com maior gravidade", disse Tiago Menna, 28, da Banda Loka Liberal, à Folha.

Menna afirmou ainda que, durante o protesto, "diversos vizinhos já estavam de pijama e desceram com panelas para apoiar o ato".

Após os protestos contra Teori, o STF informou nesta quarta que decidiu reforçar a segurança pessoal do ministro. A segurança, no entanto, vai continuar sob responsabilidade do tribunal. A Polícia Federal não foi acionada para o caso.

Banda Loka Liberal/Divulgação
Protesto em frente ao apartamento do ministro do STF Teori Zavascki em Porto Alegre
Protesto em frente ao apartamento do ministro do STF Teori Zavascki em Porto Alegre

'ACAMPAMENTO SERGIO MORO'

A maioria dos manifestantes estava em um acampamento no Parcão (Parque Moinhos de Vento). O "Acampamento Sergio Moro" defende o impeachment da presidente Dilma e a prisão de Lula.

No local, o grupo organiza rodas de violão com músicas que dizem que o "capitalismo veio para ficar", acompanhadas de churrasco. A "sonzeira" é transmitida ao vivo pela Banda Loka Liberal em sua página. O grupo também está convocando para o evento "Chopp sem Dilma" com o objetivo de "beber chope pelo preço antes do aumento de impostos da Dilma", nesta quarta (23), às 19h, também no Parcão.

Zavascki é natural de Faxinal dos Guedes (SC), mas estudou direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também completou seu mestrado e doutorado. Zavascki é ministro do STF desde 2012.

O grupo também protestou em frente à casa do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS). De acordo com Menna, o protesto ocorreu porque "é um dos poucos deputados gaúchos que se posicionam contra o impeachment".

A Folha tentou contato com o gabinete de Zavascki, mas o STF não tem expediente nesta quarta (23) em função do feriado de Páscoa.

INVESTIGAÇÃO

Em entrevista na Câmara, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que o Ministério da Justiça, o STF, a Força de Segurança Nacional e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência acertaram na manhã desta quarta abrir inquérito criminal contra todos que tenham participado de atos hostis contra Teori e familiares.

De acordo com o deputado, a PF irá tentar identificar e responsabilizar criminalmente também pessoas que nas redes sociais tenham incitado atos de violência contra o ministro e familiares.

"Todas as ofensas, ameaças e agressões serão objetos de inquérito e responsabilização criminal. Esses atos são reveladores do caráter autoritário e violento desses setores da sociedade que não respeitam a Constituição e tentam intimidar membros da Suprema Corte", afirmou o deputado, que também discursou no plenário da Câmara.


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