Folha de S. Paulo


Maduro pede nas redes sociais criação de frente de defesa de Dilma e Lula

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu na tarde desta quinta-feira (17) a criação de uma frente internacional unida em defesa da colega brasileira, Dilma Rousseff, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Estou muito preocupado com o golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff, e não tenho dúvida alguma ao qualificá-lo assim", disse Maduro, em cadeia nacional de rádio e TV.

"Desde o primeiro dia em que Dilma ganhou, começou uma campanha bestial para destruí-la como ser humano, como mulher, como líder", afirmou o presidente, que tratou da crise brasileiro durante quase cinco minutos.

"É muito ódio, nós conhecemos isso muito bem aqui na Venezuela", afirmou, numa referência à virulência do embate com a oposição no país vizinho, onde a violência política já resultou em dezenas de mortes em 17 anos de governo chavista.

Maduro afirmou que a oposição no Brasil pretende "varrer da vida política esses dois grandes líderes [Dilma e Lula]". Horas antes, ele havia postado mensagens no twitter pedindo esforços de governos e movimentos sociais pelo mundo para apoiar os petistas.

"Levantemos a voz da solidariedade Mundial com Dilma e Lula diante do golpe midiático-judicial no Brasil", escreveu em sua conta no Twitter.

"Que o movimento popular e democrático da nossa América se eleve para enfrentar o golpe. É tempo de luta!", disse Maduro, em mensagem postada em espanhol e inglês.

AFP
Handout picture released by Venezuelan presidency showing Venezuelan President Nicolas Maduro (C) with Venezuelan vice president Aristobulo Isturiz (L) and Defense Minister Vladimir Padrino Lopez(R) during a meeting in Caracas on March, 9, 2016. Maduro recalled Venezuela's top diplomat from the United States in protest at the renewal of a year-old US decree calling his country a security threat. AFP PHOTO / PRESIDENCIA RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT
O presidente venezuelano Nicolás Maduro (no centro, de azul)

O pronunciamento ecoa o discurso da mídia estatal, que vem retratando a crise no Brasil como um suposto ataque da direita e das oligarquias contra os "interesses do povo". Esse posicionamento evidencia a preocupação de Caracas com a possibilidade de queda do governo petista.

Além dos laços econômicos estreitos, que permitem à Venezuela manter investimentos e importações de alimentos do Brasil apesar das dificuldades de pagamento, o governo brasileiro é visto por Caracas como um aliado político imprescindível, apesar das recentes críticas do Itamaraty contra abusos do chavismo.

Na direção oposta à de Maduro, a ala mais dura da oposição venezuelana comemora o aumento da pressão contra o governo petista.

"A esta hora, milhares de pessoas protestam nas ruas de várias cidades do Brasil. A indignação diante da mentira não cresce apenas na Venezuela", escreveu, também no Twitter, a ex-deputada Maria Corina Machado.


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