Folha de S. Paulo


Instituto Lula gastou R$ 653 mil com aviões e recebeu doações de bancos

O Instituto Lula gastou R$ 653 mil com locação de aviões e teve quatro grandes bancos e a controladora da Friboi como alguns de seus mais importantes financiadores, de acordo com a quebra de sigilo feita pela Receita Federal.

As informações estão em documentos anexados à investigação da Operação Lava Jato, que tiveram o sigilo levantado pela Justiça Federal na quarta-feira (16).

Na análise, são elencados os principais financiadores do instituto, entre empreiteiras, bancos e firmas de grandes empresários do país.

A construtora Camargo Corrêa foi a maior doadora da entidade no período de 2011 a 2014, com R$ 4,75 milhões. Outras empreiteiras envolvidas na Lava Jato, como Odebrecht e Queiroz Galvão, estão entre as cinco maiores financiadoras no período. Os investigadores da Lava Jato levantaram suspeitas sobre as motivações dessas empresas para os pagamentos.

A maior doadora não empreiteira é a J&F Investimentos, que controla o grupo JBS e marcas como Friboi e Swift, com R$ 2,5 milhões.

A PAIC Participações, do empresário Abílio Diniz, doou R$ 2 milhões.

De acordo com os dados da Receita, quatro grandes bancos deram ao instituto do ex-presidente mais de R$ 1 milhão cada um: Bradesco, Santander, Itaú e BTG/Pactual. O total de doações para a entidade, no período 2011 a 2014, foi R$ 34,9 milhões.

AVIÕES

Na parte do relatório que aborda os gastos do instituto, há dois pagamentos para duas empresas de locação de aeronaves que somam R$ 653 mil. Os dois repasses foram feitos em junho de 2011.

Em depoimento à PF, no dia em que foi alvo de mandado de condução coercitiva, Lula disse que não viajava em aviões de carreira para fazer palestras.

"Se quiser me contratar tem que pagar avião, senão não contrata", falou, na ocasião.

Entre outras empresas que receberam do instituto, estão firmas de assessores próximos do ex-presidente e que trabalhavam para a entidade.

OUTRO LADO

Procurado, o Instituto Lula disse que cedeu os dados para a Receita em janeiro e que não há irregularidades nas atividades.

Disse ainda que usa os recursos para a manutenção de atividades, que incluem pagamento dos seus funcionários e deslocamento de viagens de trabalho.

O instituto cita como exemplos eventos promovidos na Etiópia, com a União Africana de nações, e no Chile, com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).


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