A entrada de Luiz Inácio Lula da Silva no governo Dilma Rousseff, confirmada nesta manhã, vai levar a ajustes na condução da política econômica, que devem ser pelo menos elaboradas em parte por Henrique Meirelles, e pode provocar a saída do presidente do Banco Central, Alexandre
Segundo a Folha apurou, Lula vai sondar Meirelles para trabalhar com ele no governo. Não há, a princípio, uma definição de cargo que ele poderia ocupar. A dúvida é se o ex-presidente do Banco Central irá aceitar neste momento de crise acentuada e risco de impeachment da presidente Dilma.
Um interlocutor do ex-presidente disse que, se Meirelles não aceitar vir para o governo, Lula vai pelo menos pedir que ele o ajude na definição de um plano para reanimar a economia e tirar o país da recessão.
A possibilidade de mudanças na economia, caso envolvam uma guinada na estratégia atual, tem feito o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, a comentar com interlocutores que neste caso não ficaria no governo.
Por outro lado, dentro do Palácio do Planalto há insatisfação em relação a Alexandre Tombini, que não estaria, na avaliação palaciana, adotando os remédios mais corretos neste momento para evitar uma recessão profunda no país.
Lula sempre pressionou a presidente Dilma a nomear Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda. Recentemente, com a queda de Joaquim Levy, voltou a insistir com Dilma que chamasse o ex-presidente do BC para sua equipe.
Segundo interlocutores de Dilma, Meirelles acabou não vindo porque exigia autonomia total para comandar a política econômica.
Lula aceitou o convite para a Casa Civil em café da manhã nesta quarta (16) com a presidente Dilma. Depois da reunião, assessores presidenciais dizem que, neste momento, as únicas mudanças decididas pela presidente eram a vinda de Lula para a Casa Civil e o deslocamento de Jaques Wagner para a chefia de Gabinete da Presidência, além do comando do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Na conversa com a presidente, Lula colocou como uma das condicionantes para aceitar o posto exatamente a adoção de medidas que resgatem a esperança de empresários e, principalmente, trabalhadores em relação aos rumos do país.
Segundo o petista, o governo não vai conseguir conquistar o apoio de aliados e de sua base social contra o impeachment se não demonstrar que o país sairá em breve da recessão.