Folha de S. Paulo


PGR avalia incluir Lula e Temer em mais uma investigação da Petrobras

Investigadores da Procuradoria-Geral da República avaliam se vão pedir ao Supremo Tribunal Federal a inclusão do ex-presidente Lula e do vice-presidente da República, Michel Temer, no inquérito que apura se uma organização criminosa atuou no esquema de corrupção da Petrobras.

Os procuradores vão analisar os termos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) que, segundo os investigadores, traz uma boa narrativa da atuação do núcleo político que teria ligações com os desvios na estatal. O senador fez revelações sobre o envolvimento do PT e do PMDB nas irregularidades.

Em relação ao ex-presidente Lula, procuradores lembram que, além de Delcídio, outros delatores indicaram que podem fazer menções a Lula. Há expectativa, por exemplo, que o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE), que também fechou colaboração premiada, fale do ex-presidente.

Atualmente, o chamado inquérito do quadrilhão investiga 39 pessoas, entre eles, políticos do PP, PT e PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Em sua delação, o ex-líder do governo Dilma no Senado afirmou que o ex-presidente selou a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras, como recompensa aos serviços prestados ao PT –após dar um empréstimo ao pecuarista José Carlos Bumlai que serviu para quitar uma dívida do partido, a Schahin obteve contratos na estatal.

"Delcídio do Amaral participou da reunião com Lula e Zeca do PT [ex-governador do Mato Grosso do Sul], em que foi sacramentada a nomeação de Nestor Cerveró para Diretoria Internacional da Petrobras", afirma trecho das declarações prestadas por Delcídio.

O parlamentar ainda afirmou que Lula, por meio da família do pecuarista José Carlos Bumlai, agiu para tentar evitar a delação de Cerveró.

Delcídio contradiz o petista: "Ao contrário do que Lula sempre diz, Delcídio afirma que o ex-presidente teve participação em todas as decisões relativas as diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobras", afirma o termo de delação do senador.

Segundo Lula, as indicações para diretorias, incluindo a de Cerveró, eram feitas pelos partidos à Casa Civil. "Discute-se com o partido que vai indicar, discute-se com a liderança do partido, vai para a Casa Civil, faz a triagem através do GSI e esse nome vem para você. Aí você pega o nome manda para o Conselho Administrativo da Petrobras, ela indica ou não", afirmou o petista.

No caso de Temer, Delcídio disse que personagens ligados a irregularidades na estatal tinham a "chancela" do vice-presidente. Um deles é o lobista João Augusto Henriques, outro é o ex-diretor Jorge Zelada, ambos atualmente presos pela Lava Jato.

Segundo Delcídio, o PMDB da Câmara obteve poder sobre a Petrobras após atuar a favor da aprovação da CPMF, o famoso imposto do cheque, na Casa. Porém, depois a CPMF foi rejeitada pelo Senado.

Leia a íntegra da delação


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