Folha de S. Paulo


PMDB diz que Mauro Lopes não pode assumir ministério

Principal alvo da decisão do PMDB de barrar novas nomeações para o Executivo federal até que a sigla defina se abandona ou não o governo Dilma Rousseff, o deputado Mauro Lopes (MG) se declarou independente e disse que não toma decisões com base "em impulsos de terceiros".

Lopes estava cotado para assumir a Secretaria de Aviação Civil, que tem status de ministério nas próximas semanas. "Eu sou um deputado independente", disse à Folha.

Sua fala, no entanto, foi contestada por integrantes da legenda e por correligionários do diretório de Minas Gerais.

Segundo o vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), Lopes, "em um gesto de desprendimento", anunciou a colegas que não aceitaria mais a indicação para o ministério.

Para o peemedebista, é impensável que o secretário-geral do partido descumpra a determinação firmada na convenção nacional da legenda, realizada neste sábado (12) em Brasília. Outros integrantes da legenda avaliaram que, se Lopes mantiver a intenção de assumir um cargo no governo, ele deverá deixar o partido ou ser expulso.

Questionado se assumiria o cargo mesmo com a proibição do partido, Lopes rebateu. "Não estou dizendo que vou assumir. Estou dizendo que não tomo decisões com base em impulsos de terceiros. As decisões são minhas", afirmou.

Lopes, que já era secretário-geral da legenda, foi mantido no cargo na definição da nova composição da executiva nacional peemedebista.

ROMPIMENTO

Neste sábado (12), após forte pressão da militância, a convenção nacional do PMDB aprovou moção que proíbe os membros do partido de assumirem novos cargos no governo até que a sigla decida definitivamente sobre o rompimento ou a manutenção da aliança com a presidente Dilma Rousseff.

A medida tem como alvo as negociações em torno da Secretaria de Aviação Civil. O cargo, com status de ministro, foi acertado com o governo para ajudar a eleição de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da sigla na Câmara. Picciani íntegra a ala que apóia a presidente Dilma.

A decisão foi tomada em meio à e gritaria da militância, que cobrava o desembarque imediato do governo e só se acalmou quando o ex-ministro Eliseu Padilha, aliado do vice-presidente Michel Temer, topou colocar em votação a moção que veta a nomeação de peemedebistas.

A convenção vem sendo classificada nos bastidores como "um aviso prévio" do PMDB à petista. Líderes da sigla afirmam que, agora, é o momento "de falar para dentro" do partido e pregar a união em torno de Temer, que será reeleito presidente da sigla.

A cúpula peemedebista fez um acordo que prevê adiar qualquer decisão sobre o rompimento formal da sigla com o governo Dilma Rousseff em até 30 dias.

A convenção teve início por volta das 9h. A ala oposicionista do partido preparou uma carta única, assinada por deputados estaduais, federais, que prega o "afastamento imediato dessa desastrosa condução do país". "Temos que desembarcar do governo que não nos respeita nem considera", pede os oposicionistas do partido na carta.

A cúpula peemedebista fez um acordo que prevê adiar qualquer decisão sobre o rompimento formal da sigla com o governo Dilma Rousseff em até 30 dias.


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