Folha de S. Paulo


Dilma pede que manifestantes evitem violência em ato de domingo

Em Franco da Rocha neste sábado (12) para visitar áreas alagadas da Grande São Paulo, a presidente Dilma Rousseff pediu que as pessoas evitem violência nas manifestações contra seu governo marcadas para domingo (13).

"Para mim é muito importante a democracia no nosso país. Então, eu acredito que o ato de amanhã deve ser tratado com todo respeito. Não acho que seja cabível, e acho que é um desserviço para o Brasil, qualquer ação que constitua provocação, violência e atos de vandalismo de qualquer espécie", disse a presidente em coletiva de imprensa.

Dilma ainda comparou os dias de hoje com a ditadura militar e destacou a liberdade para se manifestar.

"Nós vivemos numa época especial. Vivi num momento em que se você manifestasse, ia preso. Se discordasse, ia preso. Agora não. Vivemos um momento em que as pessoas podem se manifestar, podem externar o que pensam, e isso é algo que temos de preservar."

Questionada se estava chateada com os protestos, a presidente respondeu que é uma pessoa de "muita firmeza de caráter".

A presidente falou que se limitaria a falar sobre a questão das chuvas alegando que concederia uma entrevista à tarde em Brasília, que acabou não sendo realizada.

Dilma também se mostrou impressionada com a tragédia da região e falou sobre a possibilidade de incluir os desabrigados pelas chuvas na Grande São Paulo no programa Minha Casa Minha Vida.

"Estou diante de um desastre natural que ceifou 20 vidas, que tem cinco pessoas desaparecidas."

Após sobrevoar a região, ela se reuniu com os prefeitos de Francisco Morato, Mairiporã, Caieiras e Franco da Rocha, o secretário de Segurança de São Paulo Alexandre Moraes e o governador Geraldo Alckmin.

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA

Outro fator que aumentou a apreensão da presidente sobre a possibilidade de confrontos entre favoráveis e contrários ao impeachment nos protestos deste domingo foi pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Justiça de São Paulo feito na última semana pelo Ministério Público paulista.

O temor é que a solicitação acirre o clima de radicalização política e divisão do país. Neste domingo, petistas e sindicalistas pretendem fazer protestos simultâneos aos de grupos contrários ao governo federal.

A equipe da presidente chegou a discutir neste sábado a possibilidade dela fazer um apelo por diálogo e compreensão em entrevista para a imprensa, o que acabou sendo descartado. Dilma chegou a anunciar, na visita a Franco da Rocha nesta manhã, que falaria com a imprensa no retorno a Brasília.

O Palácio do Planalto tem a expectativa de que os protestos mobilizarão público semelhante ao de agosto do ano passado, que reuniu cerca de 135 mil pessoas na Avenida Paulista, de acordo com o Datafolha. Foi o segundo maior protesto pelo impeachment na capital paulista.

Desde o início da semana, o núcleo político do governo federal vem monitorando movimentos sociais e pedindo para que desistam de fazer manifestações neste domingo (13).

Na quarta-feira (9), a maior parte dos grupos contrários ao impeachment havia desistido, mas o pedido de prisão preventiva estimulou a maior parte deles a voltar às ruas em defesa do ex-presidente petista.

A avaliação é que a radicalização do debate político pode ser positiva para o PT, mas é negativa para o Palácio do Planalto e pode alimentar ainda mais o discurso dos partidos de oposição de que o governo federal aposta na divisão do país.

Se isto acontecer, avaliam assessores presidenciais, a oposição pode ganhar munição para tentar aprovar o pedido de abertura de um processo de impeachment.

Na palavras de um assessor presidencial, "tudo o que o governo não precisa agora é dar mais um motivo para inflamar os movimentos contrários" ao governo federal.

A presidente avalia que a governabilidade também pode ser afetada, prejudicando a votação de propostas do ajuste fiscal no Congresso Nacional.

Protestos 13/03


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