Folha de S. Paulo


'Vínculo do PMDB com Dilma se exauriu', diz ex-ministro Geddel Vieira

Sérgio Lima - 13.jan.2010/Folhapress
ORG XMIT: 024101_1.tif BRASÍLIA, DF, BRASIL, 13-01-2010, 16h40: O ministro Geddel Vieira durante entrevista no CCBB sobre o terremoro no Haiti. (Foto: Sergio Lima/Folhapress, POLÍTICA)
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro da Integração Nacional

Favorável ao desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) avalia que o modelo de administração petista "se exauriu" e avalia que a presidente não tem mais condições de governar o país.

Para ele, a entrada do ex-presidente Lula no governo não ajudaria a restabelecer a relação entre PT e PMDB e só "apequenaria" o petista.

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Folha - Por que o PMDB deve desembarcar do governo?
Geddel Vieira - O vínculo do PMDB com o governo se exauriu. O partido não tem como contribuir para o país ajudando o atual governo. A política e a vida são feitas de símbolos. Se uma presidente que não tem condições de ir à TV falar no Dia Internacional da Mulher, que governança ela tem sobre o país? Como ela pode propor para a sociedade ações duras para tirar o país da crise? Esse modelo do PT governar se exauriu. O PMDB, que já não tem nenhuma participação, a não ser periférica, não pode continuar compactuando com isso.

A eventual entrada do ex-presidente Lula no governo melhoraria a relação entre o governo e o partido?
Não, isso apequenaria o ex-presidente, que deixou um legado ao país e é uma liderança política importante. Em alguns momentos, ele tem sofrido claramente exageros em relação a alguns processos, como esse último do Ministério Público de São Paulo, que passou um pouco dos limites. Não creio que isso (assumir uma pasta) engrandeceria o governo, a biografia do ex-presidente ou ajudaria na posição do PMDB, que deve ser voltada para o interesse do país e que não pode ser confundida com o governo que está levando o país para um buraco difícil de ser retirado.

O vice Michel Temer está à frente do PMDB desde 2001 e deve ser reeleito novamente. A que se deve a falta de alternância de poder no partido?
A alternância no partido é possível. Nós temos uma convenção da sigla em que poderiam surgir candidatos para disputar com Temer. Então, a alternância se daria. Se ela não se dá, é porque o vice tem capacidade de liderança e de composição. Por isso, ele sairá consagrado como candidato da unidade, como candidato que representa a unificação do PMDB.

Por que a adoção de um regime semiparlamentar ajudaria o país neste momento?
Eu sou contra essa proposta. O que nós precisamos é de presidentes sérios e comprometidos com a nação, não exclusivamente com um projeto hegemônico e partidário.


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