Folha de S. Paulo


Dilma afirma que nunca cogitou renunciar à Presidência

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 11-03-2016, 12h00: Presidente Dilma Rousseff, ao lado do ministro da educação Aloizio Mercadante, durante reunião com reitores de institutos federais de educação, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
A presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto

Em reação aos pedidos para que deixe o mandato diante das crises política e econômica, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (11) que não renunciará e que nunca chegou a pensar nessa possibilidade desde que chegou ao Palácio do Planalto.

Em entrevista à imprensa, ela ressaltou que ninguém tem o direito de pedir a renúncia de um presidente que foi legitimamente eleito sem provar que ele tenha desrespeitado a Constituição Federal.

A intenção da presidente, ao conceder a entrevista, era sair em defesa de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Logo no início do pronunciamento, no entanto, a petista foi questionada sobre a possibilidade de renúncia.

"A renúncia é um ato voluntário e aqueles que querem a renúncia estão reconhecendo que não há uma base real para pedir o impeachment", disse. "Eu não sairei desse cargo sem que tenha motivo para tanto", acrescentou.

A petista negou que ainda que esteja resignada de que seu segundo mandato não chegará até 2018. Segundo ela, quem a conhece acha impossível imaginar que ela renunciará por sua trajetória pessoal e por "respeito pelo povo brasileiro".

"Vocês acham que eu tenho cara de estar resignada? Que eu tenho gênio de estar resignada?", questionou. "Fui presa e torturada por minhas convicções. Não estou resignada diante de nada, não tenho essa atitude diante da vida e acredito que é por isso que represento o povo brasileiro", acrescentou.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, Dilma já reage com resignação quando confrontada com o diagnóstico, feito por ministros da equipe dela, de que o governo federal pode não chegar ao final.

Mais cedo, em encontro com reitores federais, a presidente também ressaltou que não pretende renunciar ao cargo, apesar do quadro de crises política e econômica.

Dirigentes do PT e auxiliares próximos da presidente analisam que ela não teria a exata noção da gravidade da crise, protegendo-se no que chamam de "autismo".

LULA

Em estratégia definida na noite da quinta-feira (10), Dilma saiu em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que o pedido de prisão preventiva contra o petista "não tem base legal e jurídica".

A presidente demonstrou preocupação com a situação do petista, reconheceu que o momento político é delicado a ele e avaliou que a solicitação apresentada pelo Ministério Público de São Paulo "não se sustenta" e "não se justifica".

Em tom de desabafo, segundo relatos de presentes, ela disse que o seu antecessor merece respeito e defendeu a obediência ao processo legal. A defesa ao petista também foi feita pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, segundo o qual o pedido foi "injusto" e "faltou com respeito" à trajetória do ex-presidente.

Em reunião com seu núcleo político, na noite da quinta-feira (10), a presidente definiu a necessidade de o governo federal sair em defesa do antecessor, que tem sido pressionado a assumir um cargo de peso na Esplanada dos Ministérios.

A avaliação foi da necessidade de tentar atrair o petista, que tem demonstrado resistências a entrar no governo federal, mas concordou em pensar a respeito e dar uma resposta oficial na semana que vem.

O diagnóstico é de que é necessário defender publicamente o petista, umas vez que ele tem sofrido um cerco político que pode ser estendido também para o Palácio do Planalto.

O governo federal recebeu com preocupação o pedido de prisão preventiva e considerou que foi expedido como reação à possibilidade do petista assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios, o que daria a ele foro privilegiado e evitaria que ele fosse alvo de uma prisão autorizada por juízes de primeira instância.

A avaliação é que o pedido de prisão contra Lula é "exagerado" e se baseia em elementos e provas "inconsistentes" e "frágeis". A aposta é que dificilmente ele será concedido pela Justiça em São Paulo.


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