Folha de S. Paulo


Para ministro, governo deve evitar que denúncias afetem votos no Congresso

Alan Marques/Folhapress
Ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, divulga nesta quinta-feira o balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados de 2015
O ministro do Trabalho, Miguel Rossetto

Primeiro ministro a sair em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta (4), Miguel Rossetto (Trabalho e Emprego) avaliou que o petista foi alvo de um "ato de arbítrio e violência" e disse esperar que sejam corrigidos desvios de integrantes de instituições envolvidas na Operação Lava Jato.

Ele defendeu que, a partir de agora, o governo federal deve trabalhar para que as suspeitas e acusações não afetem a votação de propostas consideradas prioritárias pelo Palácio do Planalto no Congresso, como a recriação da CPMF e a reforma previdenciária.

Para ele, a operação contra o petista não afetou seu patrimônio político e não acaba com a possibilidade dele disputar a sucessão presidencial em 2018.

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Como o senhor avaliou a expedição de um mandado de condução coercitiva e a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está acima da lei. Mas nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está também abaixo da lei. O que nós assistimos não foi um ato de Justiça, ocorreu a violação de direitos, o que é inaceitável. Lula, em todos os momentos, colocou-se à disposição do Poder Judiciário e prestou todas as informações. Ele merece o respeito pela sua liderança, pela sua história e por ser referência internacional.

O senhor acredita que o próximo passo da Polícia Federal é um movimento mais efetivo de cerco contra a presidente?
Eu acredito nas instituições e na garantia de que não haverá arbítrio e violência. Nós devemos acreditar e fortalecer a conduta das instituições e corrigir desvios de membros das instituições.

O senhor avalia que a Polícia Federal têm agido com excessos?
O ato foi de arbítrio e de violência.

Quando o senhor fala em instituições, refere-se a quem?
A várias instituições, porque há um debate aberto entre membros das instituições sobre esse tema. Há, por exemplo, um debate aberto dentro do Poder Judiciário, entre juízes.

Como o governo federal atuará para evitar que o desgaste causado pela operação fortaleça o movimento pelo impeachment da petista?
Não há fundamento, não há julgamento e não há fato comprovado. Não há nada que justifique o impeachment. Nós temos que interromper uma escalada onde as denúncias são feitas e depois descartadas. Há um desrespeito claro à legalidade.

Com a imagem do Palácio do Planalto afetada pelas suspeitas recentes, não fica cada vez mais difícil aprovar no Congresso Nacional medidas como CPMF e a reforma da Previdência?
É evidente que temos de ter um clima de responsabilidade, onde os temas que importam ao país façam parte de um ambiente responsável. Nós temos de trabalhar para que eles não sejam afetados. E que se construa uma base de unidade em torno desses temas.

Nas últimas revelações, inclusive sobre a deleção premiada de Delcídio do Amaral, o Palácio do Planalto tem evitado fazer uma defesa enfática do petista. O senhor tem sentido falta de manifestações de solidariedade pela presidente Dilma Rousseff?
Ao contrário, eu tenho visto solidariedade e o apoio por parte da presidente ao ex-presidente.

As suspeitas e acusações contra o petista ameaçam o patrimônio político dele?
O ex-presidente tem um patrimônio extraordinário e ele será preservado.

Com tantas acusações contra ele, o petista ainda tem condições de disputar a sucessão presidencial em 2018?
Claro que sim. Ele é uma liderança extraordinária e terá todas as condições de disputar em 2018. Fatos como esses criam um amplo processo de mobilização da sociedade em defesa da democracia e de um processo político.


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