Levado para depor na sede da Polícia Federal em São Paulo, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que foi questionado sobre o funcionamento da entidade, a captação de recursos junto às empreiteiras e a transferência dos objetos do ex-presidente Lula de Brasília para o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), quando o petista deixou a presidência.
Okamotto deixou a PF por volta das 17h desta sexta (4), após quase seis horas no prédio, e disse ver "ilegalidades" nesta fase da Operação Lava Jato, mas ponderou que ela faz parte da "busca da verdade".
"Eu acho que não [tinha necessidade de condução coercitiva]. Acho que a operação foi uma grande devassa, várias pessoas das famílias foram envolvidas, empresas foram envolvidas, mas é o processo brasileiro de apurar as verdades, ainda que na minha visão tenha ilegalidade. Faz parte do processo de construção da democracia brasileira", afirmou.
Segundo Okamotto, todos os esclarecimentos sobre o Instituto Lula e sobre a empresa de palestras do ex-presidente, a LILS, feitos por ele à PF já haviam sido fornecidos à Receita Federal.
Questionado sobre o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal contra ele, e negado pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, Okamotto disse não ter visto motivos para a medida.
"Eu não sei qual o motivo [do pedido], porque na explicação que eu tive que dar aqui eu não vi nenhum motivo para eu ser preso. O que eles alegam que eu fiz de errado?", disse.
SÍTIO EM ATIBAIA
Okamotto disse que foi perguntado sobre o acervo de Lula que se encontra em Atibaia. O sítio, registrado em nome de pessoas próximas ao presidente, está sob suspeita de ter sido reformado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, todos investigados na Lava Jato.
"Expliquei que quando veio a mudança, quando o ex-presidente sai de Brasília, ele sai com um conjunto grande de acervo presidencial, que é de interesse público. É muito material, então, uma parte foi para o apartamento [onde Lula mora, em São Bernardo do Campo], uma parte foi para o sítio e uma parte ficou na própria Granero [transportadora] –uma parte que precisava ser climatizada", disse.
"Sobre a reforma do sítio, as coisas que me perguntaram eu não pude responder", encerrou.