Folha de S. Paulo


Eduardo Cunha usa delação de Delcídio para atacar PT

Ao comentar a delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atacou nesta quinta-feira (3) o PT e os discursos dos deputados do partido em defesa do petista.

"Delação premiada nos olhos dos outros é pimenta; nos olhos deles é refresco", afirmou o peemedebista em referência ao ditado popular "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".

Delação de Delcídio
Senador cita Dilma e Lula em acordo
Delcídio do Amaral

De forma irônica, Cunha afirmou que "gostaria de assistir aos discursos do PT hoje após a delação" de Delcídio. "Ontem um discurso usando o argumento que usa hoje de defesa como ataque a mim. O PT não é coerente. Para atacar os outros, aquilo que ele tenta usar para se defender, não vale. Engraçado assistir isso. Fico numa posição privilegiada ali em cima assistindo isso e acho graça dessa posição do PT".

Nesta quinta, deputados da oposição e da base do governo da presidente Dilma Rousseff tomaram a tribuna do plenário da Câmara para comentar a notícia da delação de Delcídio, que compromete o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma.

As informações foram veiculadas na manhã desta quinta pelo site da revista "Istoé", que publicou trechos do acordo de delação de Delcídio. Em resposta, petistas e lideranças governistas desqualificavam os discursos e afirmavam a necessidade de confirmar a notícia da revista.

Pessoas próximas as investigações da Lava Jato confirmaram à Folha a informação de que Delcídio fechou acordo com a Procuradoria-Geral da República para fazer delação premiada. Nos chamados anexos, o senador teria se comprometido a citar Dilma e Lula.

Enquanto a oposição pediu a renúncia da petista e atacou a gestão do PT, os deputados do partido e demais aliados do governo saíram em defesa do Palácio do Planalto, de Dilma e de Lula, colocaram em xeque as informações da revista e chegaram a criticar a publicação.

JULGAMENTO

Aproveitando as críticas ao PT, Cunha voltou a dizer que não se constrange com os discursos contrários a si da noite desta quarta (2) após o STF (Supremo Tribunal Federal) firmar maioria por acatar a denúncia contra ele oferecida pela Procuradoria-Geral da República e torná-lo réu por corrupção e lavagem de dinheiro.

"É do jogo político. Cada um tem o direito de se posicionar democraticamente como queira. A minha posição não altera um milímetro em função disso".

Na noite desta quarta, cinco partidos –PSDB, PPS, PSOL, Rede e PT– pediram a saída de Cunha do cargo de comando da Câmara dos Deputados. Líderes de diversos partidos articulam a obstrução das sessões extraordinárias da Casa comumente convocadas pelo peemedebista para votações. A ideia é votar matérias somente nas sessões ordinárias, quando normalmente há discursos.

Esquema Delcídio


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