Folha de S. Paulo


Oposição pedirá envio ao TSE de dados sobre pagamentos a João Santana

Os partidos de oposição querem solicitar que as provas obtidas pela força-tarefa da Operação Lava Jato sobre os pagamentos feitos pela Odebrecht a contas de João Santana no exterior sejam enviadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Santana comandou a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. Desde 2006, ele é personagem central da publicidade do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A campanha de Dilma é alvo de uma apuração no TSE aberta a pedido do PSDB, que acusa a petista de ter se reelegido com abuso de poder político e econômico.

Fase 'Acarajé'
Deflagrada na manhã desta segunda-feira (22), a 23ª fase da Operação Lava Jato tem como alvo o publicitário João Santana e a empreiteira Odebrecht

Ao alardear o interesse no envio das provas que vinculam Santana a pagamentos da Odebrecht, a oposição tenta reforçar a tese de que dinheiro do chamado petrolão serviu para pagar despesas da campanha petista.

Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (DEM-RN) diz que o pedido de prisão de Santana, feito nesta segunda-feira (22), agrava a situação do governo e reforça as suspeitas de que o pagamento de valores no exterior é "recorrente" nas campanhas políticas do PT.

Ele faz um paralelo entre a situação de Santana e a que o marqueteiro Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula em 2002, relatou durante o escândalo do mensalão, em 2006. Na época, após Duda assumiu em depoimento a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que havia recebido pagamentos pela campanha de Lula em um paraíso fiscal e que o dinheiro não havia sido declarado.

"O pensamento das oposições é esse: de pedir que as provas que ainda não foram enviadas ao TSE sejam remetidas agora", diz Agripino.

Além de pedir que os documentos que apontam pagamentos da Odebrecht no exterior sejam enviados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a direção do PSDB vai solicitar que a Corte tome o depoimento de Zwi Skornicki, apontado como operador do estaleiro Keper Fels.

Ele fez ao menos quatro repasses entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014 à Shellbill, offshore controlada por Santana e por sua mulher, Mônica Moura.

A orientação do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), é que o partido provoque o TSE a questionar qual o motivo para os pagamentos feitos no exterior e a mando de quem eles foram feitos.

'ACARAJÉ'

A 23ª fase da Operação Lava Jato, intitulada "Acarajé", tem como alvo o publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e a empreiteira Odebrecht.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura. A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras.

Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013. Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".

OS CLIENTES DE JOÃO SANTANA - Marqueteiro trabalhou em campanhas no Brasil e no exterior

Editoria de Arte/Folhapress

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