Folha de S. Paulo


Advogado e procurador da República do caso Zelotes batem boca

O procurador da República que atua na Operação Zelotes, Frederico Paiva, e o advogado do lobista Alexandre Paes dos Santos, Marcelo Leal, bateram boca durante o intervalo de audiência de tomada de depoimentos de testemunhas que ocorre nesta quarta-feira (17) na 10ª Vara Federal de Brasília.

Leal não gostou de ter visto o procurador conversando com uma pessoa no corredor da 10ª Vara e foi indagá-lo se era uma das testemunhas que seriam ouvidas pelo juiz do caso, Vallisney de Souza Oliveira, o que, no entender do advogado, seria indevido. O procurador disse que não, mas reagiu à abordagem do advogado.

"O senhor passou do limite, o senhor passa dos limites", repetiu o procurador, em tom áspero. "Só que eu, como advogado, tenho o dever de defender meu cliente", argumentou Leal.

"O senhor se mantenha nos seus limites", retrucou Paiva. "É uma ameaça isso?", indagou o advogado. "Não é uma ameaça, é um conselho", respondeu o procurador.

No retorno da audiência para a continuidade do depoimento de uma das testemunhas, o procurador da República pediu ao juiz Oliveira para que fosse feita uma observação ao advogado a fim de manter "a urbanidade".

O juiz pediu que o respeito entre as partes fosse preservado na audiência. Leal alegou ter acreditado que a pessoa abordada por Paiva no corredor fosse uma testemunha. "Eu perguntei se ela era uma testemunha, porque se fosse testemunha, estaria sendo violado o sigilo das comunicações. E eu tenho o dever de zelar pelo processo. Eu, como advogado, luto por cada centímetro do direito do meu cliente", afirmou Leal.

Paiva disse que nunca abordou o advogado por vê-lo conversando com outra pessoa nos corredores. Ao dizer que também não abordou o cliente de Leal, Alexandre Paes dos Santos, o procurador fez uma observação que arrancou gargalhadas dos outros advogados: "Ele [Santos] que olhou para mim com uma cara esquisita".

Por fim, o procurador lamentou: "Eu caio nessas provocações e me sinto culpado".

Durante a audiência, o advogado Roberto Podval protestou contra sinais corporais do procurador que, no entender do defensor, estavam induzindo respostas da testemunha que estava sendo ouvida, Patrícia Pullen Parente, servidora da Corregedoria do Ministério da Fazenda, em Brasília.

Paiva negou ter feito orientações e repetiu: "Prometi não cair em nenhuma provocação e vou tentar cumprir essa promessa".


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