Folha de S. Paulo


Em nota, Instituto Lula admite que ex-presidente frequenta sítio em Atibaia

Jefferson Coppola/Revista Veja
O sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), frequentado por Lula e familiares
O sítio em Atibaia (SP), frequentado por Lula e familiares

O Instituto Lula confirmou na sexta-feira (29) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva frequenta o sítio em Atibaia (SP) que teve, segundo fornecedores, reformas pagas pela Odebrecht, como revelou a Folha.

"O ex-presidente Lula frequenta, em dias de descanso, um sítio de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia", diz a nota.

"Embora pertença à esfera pessoal e privada, este é um fato tornado público pela imprensa já há bastante tempo. A tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente", diz a nota do Instituto Lula.

A nota contém parte das explicações que integrarão a estratégia de defesa traçada por Lula e sua equipe de advogados que se reuniu na manhã de sexta no Instituto.

O ex-presidente justificará sua presença no sítio devido à amizade de longa data com o ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar, um dos fundadores do PT que deixou a sigla nos anos 90 em meio a denúncias de corrupção. Um dos proprietários do sítio é o filho de Bittar, Fernando Bittar, sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

O petista destacará ainda que a família Bittar tem meios de provar que pagou pelo sítio com recursos próprios e lícitos.

Sobre as obras realizadas pelo engenheiro da Odebrecht Frederico Barbosa, Lula pretende afirmar que não o conhece e que não tem ligação com a reforma.

Com essa versão, a defesa dele acredita ter chances de provar para a Justiça que a propriedade não é do ex-presidente e que foi adquirida com recursos lícitos, colocando fim a investigação.

O tríplex no Condomínio Solaris, em Guarujá (SP), foco tanto da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba quanto do Ministério Público do Estado de São Paulo, também foi assunto da reunião entre o petista e seu corpo jurídico.

Nela foi definido que o ex-presidente apresentará aos investigadores um formulário da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) datado de 2015 assinado pela mulher dele, Dona Marisa Letícia. Segundo pessoas ligadas à defesa do petista, o documento mostra que no ano passado, a ex-primeira-dama solicitou o "resgate da cota" que investiu no condomínio do litoral paulista e seu desligamento da Cooperativa.

A avaliação é que o formulário reforça a versão de que o casal não adquiriu o imóvel e não teve ligação nenhuma com a empresa OAS, responsável pela construção do condomínio e reformas no imóvel atribuído a Lula em valor superior e R$ 777 mil.

A previsão é que o ex-presidente também confirme que visitou o local com sua família quando, segundo a defesa, avaliava a possibilidade de comprar o apartamento.

Segundo pessoas que estiveram com Lula no Instituto, ele se mostrou mais preocupado com o desgaste que a imagem dele vem sofrendo devido às sucessivas convocações para depor do que com a sua situação jurídica.

O ex-presidente afirmou que não enxerga, a curto um prazo, um fim para o que chama de "perseguição para fins políticos".

A avaliação de seus defensores é que convocar o petista se transformou em um meio de trazer notoriedade para os procedimentos jurídicos em curso.


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