Folha de S. Paulo


Quintão retira candidatura à liderança do PMDB e anuncia apoio a Picciani

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 02-10-2015, 12h00: O líder do PMDB na câmara dep. Leonardo Picciani (RJ). A presidente Dilma Rousseff, ao lado do vice presidente Michel Temer, durante declaração e anúncio da reforma ministerial e administrativa, no Palácio do Planalto. A maioria dos ministros, inclusive os novos, participaram da cerimônia. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que tentará a reeleição ao cargo no próximo mês

Um dos primeiros a lançar candidatura à liderança do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Quintão (MG) desistiu de concorrer ao cargo nesta sexta-feira (22) para apoiar Leonardo Picciani (RJ). Os dois se encontrara nesta sexta em Juiz de Fora (MG) para selar o acordo.

Picciani vai enfrentar agora apenas o deputado Hugo Motta (PB), lançado com a benção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e da ala do partido a favor do impeachment. O movimento irritou Quintão que, inicialmente, era visto como o candidato que poderia vencer Picciani, como queria Cunha, mas o presidente da Câmara preferiu apoiar Motta.

Esta semana, como mostrou a Folha, ciente de que Picciani poderia perder a eleição marcada para fevereiro, o Palácio do Planalto decidiu abrir a porta para uma eventual composição com Motta, apesar de preferir a vitória do deputado carioca.

Motta esteve com dois ministros do núcleo próximo à presidente Dilma Rousseff para dizer que adotará "posição de neutralidade" caso fique com o cargo. Ele se reuniu com Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) e espera retorno de Jaques Wagner (Casa Civil) e de Giles Azevedo (Assessor Especial da Presidência).

No aceno mais explícitos nesses encontros, Motta se comprometeu a, caso eleito, não indicar para a comissão especial do impeachment apenas deputados favoráveis ao afastamento de Dilma.

"A composição obedecerá a proporcionalidade da bancada do PMDB, que é eclética, com vários posicionamentos", disse Motta à Folha.

Cunha e Picciani eram aliados até o deputado decidir se alinhar ao Planalto, o que irritou o presidente da Câmara. A associação ao governo rendeu a Picciani a indicação de dois ministros no segundo mandato de Dilma.

A escolha de Motta, no entanto, foi calculada por Cunha para embaralhar a leitura do governo sobre a disputa dentro do PMDB —o que melindrou Quintão.

Apesar de aliado do presidente da Câmara, que é inimigo declarado do Planalto, Motta honrou acordos que fez com o PT e com o governo quando foi presidente da CPI da Petrobras, por exemplo.

Foi ele o responsável por pautar e, depois, enterrar a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, à comissão.

Esse gesto deu a ele um "trunfo" nas conversas com integrantes da ala dilmista da sigla, que não podem acusá-lo de traição ou deslealdade.

O vínculo com duas alas do PMDB —a que apoia Cunha e a que apoia Dilma— será a pedra fundamental do discurso de Motta contra Picciani.


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