Folha de S. Paulo


Ala do PMDB quer Hugo Motta na disputa pela liderança da sigla

Gustavo Lima - 30.out.2014/Agência Câmara
Hugo Motta será indicado ao cargo pelo bloco do PMDB, o maior da Câmara dos Deputados.
O deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que deve ser candidato à liderança do partido na Câmara

A ala do PMDB que defende o afastamento da sigla do governo Dilma Rousseff prevê uma disputa com ao menos três nomes pela liderança na sigla na Câmara.

Leonardo Picciani (PMDB-RJ), atual comandante da legenda na Casa, e o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) já estão na corrida pelo cargo. A ala rebelde da sigla trabalha agora para convencer o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) a entrar no páreo.

A avaliação é de que ele poderia atrair integrantes mais jovens da bancada e os nomes ligados à região Nordeste. Motta presidiu a CPI da Petrobras e tem um bom relacionamento com o presidente da Casa, Eduardo Cunha.

Ao adicionar um terceiro nome à disputa, os integrantes do partido que trabalham para derrotar Picciani querem forçar um segundo turno na liderança da legenda. A estratégia foi debatida durante todo o dia com Cunha.

O presidente da Câmara conversou com aliados e almoçou com o vice-presidente da República, Michel Temer, para tratar do tema. Ele está empenhado em encontrar formas de derrotar Leonardo Picciani (RJ) na corrida pela reeleição ao cargo.

Picciani se tornou um desafeto de Cunha após se aliar ao Planalto, indicando ministros e defendendo uma agenda de apoio à presidente Dilma.

DATA

Após Picciani determinar que a eleição da liderança ocorreria em 17 de fevereiro, por maioria absoluta, na tarde desta terça-feira (19), sem consenso com os demais deputados que não concordam com os dois pontos, Cunha chamou seu núcleo duro para juntar as forças contra o líder peemedebista.

O grupo contrário a Picciani queria que a eleição para a bancada do PMDB ocorresse em 3 de fevereiro. Avaliam que o deputado pelo Rio de Janeiro estaria enfraquecido logo após retornar do recesso e não teria tempo de buscar votos para se reeleger. Aliados do líder argumentam que na primeira semana tradicionalmente não há quórum na Câmara.

O procedimento de votação foi outro ponto de discórdia. Os adversários de Picciani queriam fazer cumprir um acordo feito na eleição dele no início de 2015, quando acertou-se que ele só poderia se reeleger com os votos de dois terços da bancada.

Após ser afastado da liderança por descontentes com ele, contudo, o deputado passou a afirmar que essa regra não vale mais.

Com a norma estabelecida por ele esta tarde, para se manter no cargo de líder do PMDB da Câmara, ele precisa de 34 votos, ou seja, metade mais um da bancada.

Durante a reunião falou-se ainda em entrar com uma representação contra Leonardo Picciani. Segundo Lucio Vieira Lima (BA), ele teria dito em plenário que a eleição seria em 3 de fevereiro, compromisso firmado para conseguir apoio. "Mentir em qualquer circunstância é quebra de decoro", disse o deputado.

Cunha está atuando em várias frentes para derrotar Picciani. No início da tarde desta terça, almoçou com Temer, em busca de apoio para o lançamento de um novo nome. Ouviu que não há problemas na iniciativa desde que seja uma alternativa de consenso. O vice, contudo, ressaltou mais uma vez que não se envolverá no processo.

Candidato à reeleição à presidente nacional do PMDB, Temer não quer se indispor com o grupo do partido do Rio de Janeiro, que possui a maior representatividade na convenção nacional da sigla, em março.


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