Folha de S. Paulo


Ferraço deixa PMDB por discordar de aliança da sigla com governo Dilma

Pedro Ladeira - 06.nov.13/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 06-11-2013, 18h30: Plenário do Senado federal, presidido pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), conversando com o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), durante votação de requerimentos e destaques referentes ao projeto do orçamento impositivo, cujo mérito foi aprovado ontem pela casa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) conversa com o presidente do Senado (PMDB-AL)

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) anunciou nesta sexta-feira (15) sua desfiliação do PMDB por discordar do apoio da legenda ao governo da presidente Dilma Rousseff. O senador afirmou, em nota, que apelou reiteradas vezes para que o partido deixasse a aliança liderada pelo PT antes de tomar sua decisão.

"Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos rumos", afirmou.

O capixaba não anunciou ainda para qual partido deverá migrar. Na nota, ele afirmou ainda que é preciso buscar uma "união de forças para derrotar de vez esse projeto de poder que tanto mal faz ao nosso país e às futuras gerações".

Ferraço já comunicou a sua decisão ao líder do partido no Senado, Eunício OIiveira (CE) e ao ao presidente regional do PMDB no Espírito Santo, deputado federal Lelo Coimbra. Com a saída de Ferraço, o PMDB fica com 17 senadores.

Tido como um senador independente em relação às orientações do governo no Congresso, Ferraço chegou a fazer campanha para a eleição de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência em 2014. Em diversas votações no Senado ele discordou frontalmente das decisões do governo e agiu com a oposição.

Em junho do ano passado, Ferraço integrou a comitiva de senadores que viajou à Venezuela para reforçar uma campanha pela libertação de políticos opositores ao governo de Nicolás Maduro, que estavam presos no país.

Horas após o anúncio de desfiliação de Ferraço, Aécio Neves, também presidente nacional do PSDB, formalizou um convite ao colega para integrar os quadros tucanos. Em nota, Aécio destacou a que Ferraço "vem tendo posicionamentos extremamente críticos ao governo e às condenáveis práticas que têm sido adotadas para manutenção no poder".

"Logo que soube da oficialização da saída do senador Ricardo Ferraço do PMDB, telefonei a ele e formalizei o convite em nome de todas as principais lideranças do PSDB nacional e do Espírito Santo, e do meu próprio, para que ele possa se somar aos quadros do nosso partido, onde poderá dar sequência ao extraordinário trabalho que já vem fazendo no Senado Federal na busco do início de um novo ciclo de desenvolvimento no país", disse Aécio.

Ferraço, no entanto, ainda não confirmou que poderá se filiar ao PSDB. De acordo com o senador, ele ainda conversará com os partidos de oposição nos próximos dias para tomar a decisão.

O senador ressaltou, em nota, que sua desfiliação foi decidida apesar de ter uma boa convivência com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e com outras lideranças peemedebistas locais e de outros estados.

"Deixo bons amigos e companheiros no PMDB capixaba, com os quais tenho grande apreço e pretendo continuar tendo as mesmas respeitosas relações. A postura digna da legenda no estado se compara a das representações no Rio Grande do Sul, de Pedro Simon, em Pernambuco, de Jarbas Vasconcelos, e em Santa Catarina, do saudoso Luiz Henrique da Silveira, entre outras. A independência e a coragem foram e são as suas marcas", disse.

Simon e Vasconcelos também são tidos como peemedebistas independentes.

Ao final da nota, Ferraço insta Hartung a seguir o mesmo caminho. "Ao expor essa minha convicção, desejo sinceramente que o governador Hartung possa refletir sobre ela e tomar igual decisão de deixar o PMDB", diz.

Ferraço foi eleito senador em 2011. Ele já foi filiado também ao PSDB, PTB e PPS.


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