Ensaiando uma reaproximação, a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, divergem até sobre o sigilo da carta em que o peemedebista se queixou sobre falta de confiança, enviada no fim do ano passado.
A Folha pediu cópia da carta, via Lei de Acesso à Informação, à Presidência e à Vice-Presidência da República.
Enquanto a equipe de Temer forneceu cópia integral da correspondência, a Presidência alegou que a Constituição afirma ser "inviolável o sigilo da correspondência".
A Secretaria de Comunicação Social, responsável pela resposta, não indicou a classificação do documento –se reservado, secreto ou ultrassecreto, o que mantém papéis sob sigilo por até 25 anos.
À época do envio, aliados de Temer atribuíram ao Planalto o vazamento da carta, que por sua vez negou. Na prática, todo o teor da missiva foi divulgado pela imprensa na mesma data de envio.
A carta, formalmente, era um ofício. No cabeçalho, Temer se refere a Dilma como presidente –e não "presidenta", como ela prefere.
O texto, todo digitado, relatava 11 episódios em que, na avaliação do vice, Dilma revelava não confiar nele.
À época, petistas viram a carta como aceno de Temer ao impeachment. Os dois agora esboçam reaproximação. Por sugestão do ex-presidente Lula, Dilma busca dar maior protagonismo ao vice.
Mas aquela não foi a primeira carta que Temer enviou a Dilma. Houve outra, também obtida pela Folha via Lei de Acesso, de junho do ano passado, em que o peemedebista defendeu a sanção a uma das alterações à MP 668.
A medida incluía em regime especial de tributação construtoras que vendem imóveis prontos pelo Minha Casa Minha Vida. O pedido foi atendido. Menos formal, a carta começava com um singelo "Presidente Dilma" e não teve numeração oficial.
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| Primeira página da carta escrita por Temer, obtida pela Folha via Lei de Acesso à Informação |