Folha de S. Paulo


Delator cita propina a líder do PSDB para enterrar CPI da Petrobras

Alan Marques - 21.set.12/Local Foto
Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB que morreu em 2014 e foi associado a propina por delatores
Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB que morreu em 2014 e foi associado a propina por delatores

Um dos emissários do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, afirmou em sua delação premiada na Operação Lava Jato que tomou conhecimento sobre o pagamento de propina "ao líder do PSDB", que supõe ser o ex-presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), para prejudicar as investigações da CPI da Petrobras instalada em 2009.

Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também já haviam feito relatos sobre o pagamento de propina a Guerra em suas delações premiadas na Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na estatal de petróleo.

Em depoimento específico sobre a CPI da Petrobras criada em 2009, Rocha disse que "sabe que foi feito o pagamento de R$ 10 milhões ao líder do PSDB no caso, mas não sabe como isso foi feito".

Segundo o delator, Youssef disse a ele que "para abafar a CPI da Petrobras teria que entregar R$ 10 milhões para o líder do PSDB no Congresso Nacional, além de outros valores para outros políticos". Rocha relatou que o doleiro não citou o nome de Guerra, morto em 2014, como destinatário da propina, mas ele "sabia que Sérgio Guerra era o líder do PSDB no Congresso Nacional, inclusive pelo fato de ele ser senador pelo Estado de Pernambuco, onde o declarante nasceu e tem familiares".

Segundo o delator, parte do dinheiro do suborno deveria sair do "caixa" do PP (Partido Progressista) formado com propina oriunda de contratos de empreiteiras com a Petrobras.

O doleiro e ex-chefe de Rocha já havia citado propina a Guerra em sua delação. Youssef afirmou aos investigadores da Lava Jato que havia participado de negociação sobre obras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, na qual ficou acertado que, do total da propina relativa à obra, R$ 10 milhões seriam usados para impedir a realização da CPI da Petrobras, e um dos beneficiários desse dinheiro seria Guerra.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também apontou Guerra como destinatário de suborno. Em sua delação, o ex-dirigente da estatal de petróleo disse que Guerra pediu a ele o pagamento de propina em uma reunião em um hotel no Rio de Janeiro, e o valor foi pago por meio do ex-executivo da empreiteira Queiroz Galvão Ildefonso Colares.

OUTRO LADO

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do PSDB afirmou que a posição do partido "é de apoio às investigações da Operação Lava Jato, que precisam ser levadas a fundo, identificando os verdadeiros responsáveis pelo desvio de recursos na Petrobras e toda a extensão da rede criminosa".

A assessoria da empreiteira Queiroz Galvão informou que a empresa não iria se manifestar.

A Folha não conseguiu localizar a assessoria de imprensa do PP.


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