Folha de S. Paulo


Delator diz que senador Randolfe Rodrigues teria recebido R$ 200 mil

Pedro Ladeira - 26.nov.2014/Folhapress
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça

Em depoimento prestado no acordo de delação premiada fechada no STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Alexandre de Souza Rocha, 52, afirmou ter ouvido do doleiro Alberto Youssef que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) recebeu R$ 200 mil. Ele disse não ter entregue os valores nem ter conhecimento de como isso ocorreu.

Rocha funcionou a partir de 2008 como entregador de valores para o doleiro, que em 2014 se tornou um dos principais delatores da Operação Lava Jato.

Segundo Rocha, "provavelmente em 2012 ou 2013", ele "percebeu uma preocupação de Youssef com relação a uma movimentação no Congresso Nacional para criação de uma CPI da Petrobras". Rocha disse ter ouvido de Youssef que estava "controlando o problema" e que o suposto controle "passava pelo pagamento de propina".

Pela versão do ex-empregado, o doleiro teria dito que R$ 2 milhões já haviam sido pagos para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O doleiro teria dito que era necessário "dinheiro para resolver" os problemas no Congresso.

Rocha disse então que ponderou com Youssef que "havia gente séria no Congresso, mencionando como exemplo" o senador Randolfe, "que sempre discursava contra o governo e inclusive falava sobre a necessidade da CPI da Petrobras na época".

Em resposta, disse Rocha, o doleiro teria dito: "Para esse aí já foram pagos R$ 200 mil". Rocha indagou se ele se referia mesmo ao senador que usava óculos e Youssef teria respondido ter certeza "absoluta".

Ao final do depoimento, Rocha comentou que não sabia se o valor "foi efetivamente pago ao senador" nem "como isso tenha sido feito". Disse ainda que "nunca entregou dinheiro para Randolfe Rodrigues nem o viu em escritórios de Youssef".

OUTRO LADO

Procurado, o senador Randolfe Rodrigues disse à Folha que a acusação feita pelo ex-funcionário de Youssef não tem nenhum cabimento e é irresponsável. O congressista afirmou ainda que irá até "às últimas consequências" para tirar a história a limpo.

"Essa é uma história sem cabimento nenhum, sem noção alguma, alguns porcos querem levar todos para o chiqueiro deles, mas eu estou fora dessa lama", disse o senador, que afirmou nunca ter conversado com Youssef, seu ex-empregado ou pessoas próximas a eles.

"Minha campanha ao Senado em 2010 custou R$ 200 mil e foi financiada só por pessoas físicas. Se ele [Ceará] diz que ouviu isso do Youssef, por que o Youssef não falou isso na delação premiada dele?"

Randolfe disse ainda que há pessoas por trás das acusações. "Tenho certeza de que há outros atores e vou até às últimas consequências para encontrá-los".


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