Folha de S. Paulo


Manifestantes protestam contra impeachment no centro do Rio

Aos gritos de "não vai ter golpe" e "fora Cunha", manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff se reuniram na tarde desta quarta-feira (16) na praça da Cinelândia, centro do Rio.

Um palco foi montado na praça, onde oradores se revezaram na defesa da manutenção da presidente no poder.

Soldados da PM estimaram, de maneira informal, o público em mil pessoas por volta das 18h10. Sob orientação do governo do Estado Rio, a Polícia Militar deixou de estimar o público das manifestações na cidade.

Para os organizadores, o ato reuniu, às 18h30, 6.000 pessoas.

O protesto, organizado pela chamada Frente Brasil Popular, teve adesão de CUT, CTB, PT, PC do B, PDT e Sindipetro.

Os manifestantes agitaram bandeiras vermelhas e estenderam faixas de apoio à presidente.

Faixas do PT ironizavam o discurso de oposição ao governo. "Negros e pobres nas universidades? #culpadoPT", dizia uma delas.

Um outra questionava: "Fim da fome no Brasil? #culpadoPT".

Um representante da OAB-RJ, apresentado como Carlos Henrique, criticou o rito do impeachment. Ele classificou a situação como "golpe paraguaio e inconstitucional".

"É fundamental que o povo mostre para o Congresso e o STF [Supremo Tribunal Federal] que não há qualquer motivo para a tramitação desse processo, que não é político. É um rito que depende da legalidade constitucional, o que objetivamente não ocorre. Portanto, companheiros, o que está em curso é golpe", disse.

Em discurso, o deputado estadual e ex-ministro da Cultura Carlos Minc (PT) reconheceu que o governo cometeu erros ao longo dos últimos anos, mas defendeu a manutenção da presidente e o afastamento de "quem pisou na bola".

"A hora é de resistir com dignidade. Na hora da aflição é que as pessoas mostram seu caráter. O golpe é avançar na pauta reacionária, que discrimina as mulheres, os gays, as lésbicas, travestis e a juventude negra", disse.

LEVY

Não faltaram críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a quem um orador de cima.do palco chamou de "oficeboy dos banqueiros e das forças conservadoras".

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também foi alvo de críticas por ter se colocado favorável ao impeachment da presidente.

O ex-deputado Gilberto Palmares afirmou que empresários representados por Skaf foram os mesmos que apoiaram a deposição de João Goulart, em 1964, em golpe que deu origem à ditadura militar brasileira (1964-1985).

"Figuras como Paulo Skaf lançaram o golpe de 64 que mergulhou o país em uma ditadura. A Fiesp é contra o governo Dilma porque é, entre outras coisas, contra a política de reajuste real do salário mínimo implantada por esse governo", disse.


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