Folha de S. Paulo


Adesão menor em atos reforça desejo do governo de acelerar tramitação

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O governo Dilma Rousseff avalia que a menor adesão dos protestos deste domingo (13) reforça a estratégia de buscar um desfecho rápido para o processo de impeachment no Congresso e que há espaço para disputar a opinião pública com a oposição.

Mesmo assim, encerradas as manifestações em todo o país, a ordem da equipe da presidente foi não comemorar o resultado dos atos, que reuniram um público inferior aos anteriores. Um assessor destacou que a baixa adesão pode ser fruto de vários fatores, momentâneos inclusive.

Entre eles, a proximidade das festas de fim de ano, e uma espécie de cansaço, descrença ou desilusão porque o processo de impeachment está sendo comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que responde a uma série de acusações na Operação Lava Jato.

Daí que a orientação do Palácio do Planalto é buscar um desfecho rápido do processo de impeachment, aproveitando este momento de menor pressão vinda das ruas.

Mapa dos protestos

Um assessor disse à Folha que a busca de um "rito mais sumário possível" para o impeachment deve-se também à crise econômica. Ele destaca que, quanto maior a indefinição sobre o futuro da presidente, maior é o agravamento da crise econômica.

Dilma discutiria neste domingo à noite com assessores próximos a estratégia para garantir que o Congresso trabalhe pelo menos metade do mês de janeiro, encurtando o recesso parlamentar, previsto inicialmente para ter fim apenas em 1º de fevereiro.

O Planalto negocia com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que o recesso vá até o dia 11 de janeiro. Já a oposição quer a volta dos trabalhos do Legislativo apenas em fevereiro, evitando acelerar o processo de impeachment.

A tática da oposição é contar com um agravamento da crise econômica depois de março, o que daria mais combustível para os protestos de rua no ano que vem.

Além de tentar acelerar o processo de impeachment, a equipe de Dilma iria mapear neste domingo a situação da base aliada no Congresso para evitar novas derrotas, como a da semana passada na escolha da comissão que irá analisar o impeachment. A Câmara aprovou a formação de uma comissão de tendência pró-impeachment, mas a composição foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal.

A orientação da presidente é punir parlamentares governistas que votarem contra ela durante o processo de impeachment com a perda de cargos no governo.

LIDERANÇA

Além disto, o Palácio do Planalto deve continuar trabalhando para que o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) consiga recuperar a liderança do partido na Câmara, da qual foi destituído em favor do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).

O governo considera chave manter o apoio de pelo menos metade da bancada peemedebista da Câmara para derrotar na Casa a tramitação do impeachment contra Dilma.

A equipe presidencial avalia ainda que a baixa adesão dos protestos mostra que há espaço para se fazer a disputa da opinião pública em torno do impeachment.

Segundo um assessor, o governo não pode ficar na defensiva e precisa disputar com a oposição o apoio da população, não só nas ruas mas também em setores da sociedade, como no empresariado e no mundo jurídico.

Oficialmente, o ministro Edinho Silva (Comunicação Social) disse que "as manifestações são normais em um regime democrático" e que transcorreram "dentro da normalidade, em um país democrático, que respeita a legalidade e as instituições".

numeros da manifestacao


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