Durante cerimônia de entrega de 2.992 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, em Boa Vista (RR), a presidente Dilma Rousseff voltou a dizer que não há nenhum delito que justifique o seu impeachment e que quer continuar na Presidência porque foi eleita para isso.
Num ambiente totalmente favorável, com a presença de beneficiados pelo programa, simpatizantes do PT e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e de associações de moradias populares, Dilma relatou os investimentos feitos por meio do programa e disse que está sendo julgada porque "tem uma parte que acha que não devíamos ter gastado. É o que eles chamam de pedaladas fiscais [...] Mas não há nenhum delito, nenhum crime apontado contra nós".
"O Orçamento do país tem de ser olhado do ponto de vista daquilo que você gasta e para quem você gasta. O 'para quem' é o mais importante. Uma das razões para que eu esteja sendo julgada hoje é porque eles acham que nós não gastamos, não devíamos ter gastado, da forma que gastamos para fazer o Minha Casa, Minha Vida", afirmou.
Dilma se confundiu ao explicar a relação de repasses financeiros entre o governo federal e a Caixa Econômica Federal, mas disse que não há nesse processo nenhum desvio.
"Não é essa a questão que levantam contra nós. O que levantam é que muitas vezes a Caixa paga o mês e nós recompomos o pagamento que a Caixa fez. Por conta de termos feito o programa habitacional maior da história é que hoje somos responsabilizados. Quando digo que não cometi nenhuma ação incorreta, é que toda ação questionada não é por que desviou dinheiro, usou indevido, mas discordam da forma pela qual contabilizamos gasto. Não há nenhum delito, nenhum crime apontado contra nós."
Em nenhum momento do discurso a presidente citou nomes nem falou das decisões recentes do Congresso em relação ao processo de impeachment.
Nesta terça-feira (8), a Câmara dos Deputados elegeu em uma votação conturbada uma chapa majoritariamente pró-impeachment. A chapa oposicionista foi aprovada por 272 votos contra 199 de deputados federais que optaram pela composição governista, com integrantes indicados pelos principais líderes de partidos aliados.
O trâmite, no entanto, foi suspenso pelo ministro da Suprema Corte Luiz Edson Fachin, que proibiu a instalação do órgão legislativo até o julgamento do caso pelo plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) na próxima quarta-feira (16).
Dilma ainda afirmou que vai continuar fazendo o programa habitacional. "Não é desafio a ninguém, não queremos desafiar ninguém. Vamos fazer num ritmo um pouco menor, porque vamos ter de pagar todas as prestações no ato, mas vamos fazer."
Segundo ela, quando terminar 2018 –último ano de seu governo, caso complete o mandato–, "o Brasil terá muito poucas pessoas sem a sua casa própria".
Foram entregues, no total, 10.962 imóveis simultaneamente em oito cidades de seis Estados –Roraima, Alagoas, Bahia, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro.
Em todas, houve links ao vivo, com ministros e prefeitos de cidades contempladas defendendo o governo da presidente Dilma Rousseff.