Folha de S. Paulo


STF mantém condenação de Luiz Estêvão no escândalo do TRT

Após 23 anos do escândalo do superfaturamento em obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, o Supremo Tribunal Federal decidiu manter nesta quarta-feira (9) a condenação do ex-senador Luiz Estevão em 31 anos de prisão.

Na prática, no entanto, a pena deve ficar em 25 anos, uma vez que os crimes de formação de quadrilha e uso de documentos falsos estariam prescritos e não poderiam mais ser cumpridos. O Supremo, porém, ainda precisa reconhecer a prescrição.

A decisão é da primeira turma do STF que, por dois votos a um, rejeitou oito recursos apresentados pela defesa de Luiz Estevão e de Fábio Monteiro de Barros Júnior, dono da empresa Incal –que venceu a licitação para fazer a obra. Eles alegavam irregularidades no julgamento e penas exageradas.

Apesar do pedido do Ministério Público Federal de prisão imediata do ex-senador, os ministros não trataram da questão no julgamento.

Relator do caso, o ministro Marco Aurélio Mello defendeu a redução das penas porque considerou que a Justiça utilizou os mesmos fatos para condenar por crimes diferentes e defendeu que o caso voltasse a ser examinado pelo Superior Tribunal de Justiça. Para o ministro, neste caso, não houve corrupção nem peculato.

Ele propôs uma pena de 16 anos e seis meses de prisão para Luiz Estevão e Fábio Monteiro, mas acabou vencido.

Os ministros Luiz Edson Fachin e Rosa Weber votaram pela manutenção da pena de 31 anos.

Segundo a Advocacia Geral da União, os desvios na obra chegam a R$ 1 bilhão de reais em valores atualizados. Luiz Estevão e Fabio Monteiro, foram condenados a devolver aos cofres públicos R$ 2,6 bilhões.

LALAU

Na mesma ação, o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, que presidia o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, foi condenado a ressarcir os cofres públicos em R$ 1,5 bilhão, cumpriu 14 anos de prisão e foi beneficiado com indulto presidencial em 2014.

O Ministério Público Federal afirma que, no curso da ação penal, a defesa de Luiz Estevão apresentou 21 recursos e onze habeas corpus. A de Fábio Monteiro interpôs 21 recursos e seis habeas corpus.

O caso de superfaturamento do Fórum Trabalhista de São Paulo aconteceu em 1992. A construtora Incal venceu a licitação e se associou ao empresário Fábio Monteiro de Barros.

Em 1998, auditoria do Ministério Público apontou que só 64% da obra do fórum havia sido concluída, mas que 98% dos recursos haviam sido liberados. A obra do fórum foi abandonada em outubro do mesmo ano, um mês após o então juiz Lalau deixar a comissão responsável pela construção.

Uma CPI na Câmara investigou a obra em 1999. A quebra dos sigilos mostrou pagamentos vultosos das empresas de Fábio Monteiro de Barros, da Incal, ao Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão.

Durante as investigações, foi descoberto um contrato que transferia 90% das ações da Incal para o Grupo OK. O ex-senador teve o mandato cassado no ano 2000.


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