Folha de S. Paulo


PF abre inquérito para investigar filho de Lula no caso Zelotes

A Polícia Federal abriu nesta terça-feira (1) um novo inquérito na Operação Zelotes. A investigação terá por foco a possível "compra" de medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo, incluindo pagamentos realizados pelo lobista Mauro Marcondes Machado a um dos filhos do ex-presidente Lula, Luis Cláudio Lula da Silva.

O novo inquérito, aberto pelo mesmo delegado que cuida da Zelotes desde o começo, Marlon Cajado, também vai levar em conta os dados relativos a Gilberto Carvalho, ex-ministro e ex-chefe do gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada a PF concluiu a primeira investigação sobre suposto pagamento de propinas para edição de MPs voltadas para o setor automotivo, com o indiciamento de 19 pessoas. No domingo (29), o Ministério Público Federal protocolou denúncia na Justiça Federal contra 16 pessoas, incluindo lobistas e representantes da MMC, da Mitsubishi.

PF e procuradores da República concordaram com a estratégia de isolar os dados relativos a Luis Claudio e abrir um novo inquérito. Entre 2014 e 2015, uma microempresa de Luis Claudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu R$ 2,4 milhões da firma Marcondes e Mautoni, na mesma época em que a empresa do lobista Mauro Marcondes recebeu cerca de R$ 16 milhões de duas empresas do setor automotivo, a Caoa, da Hiunday, e a MMC.

De acordo com relatório da Polícia Federal, Luis Claudio forneceu justificativas "contraditórias e vazias" sobre o motivo dos pagamentos. Ele apresentou estudos que explicariam os serviços de consultoria prestados pelo valor de R$ 2,5 milhões. Uma análise técnica da PF concluiu, porém, que os trabalhos foram feitos a partir de textos disponíveis na internet, em especial do site Wikipedia, uma enciclopédia virtual.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (2), os advogados de Luis Claudio afirmaram ter conhecimento "até o momento da existência de um inquérito policial na Polícia Federal e de um procedimento investigatório criminal no âmbito do Ministério Público" que, segundo eles, "investigam o mesmo fato".

"As eventuais providências jurídicas decorrentes da abertura de um novo inquérito para apurar o esmo fato serão avaliadas assim que os advogados tiverem a confirmação e a ciência do teor do procedimento. Não é lícito submeter o cidadão a múltiplos procedimentos investigativos para apurar o mesmo fato", disseram os advogados, em nota.

Em diversas manifestações sobre o assunto, Gilberto Carvalho declarou não ter cometido qualquer irregularidade e que não recebeu vantagem pessoal do lobista Mauro Marcondes, a quem descreveu como amigo do ex-presidente Lula.


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