Folha de S. Paulo


Manifestantes ainda resistem em acampamento pró-impeachment

Uma parte dos manifestantes acampados em frente ao Congresso Nacional ainda resiste à determinação de deixar local até o fim da tarde deste sábado (21). Muitas barracas foram retiradas e tendas, desmontadas, mas um grupo diz que só sai arrastado pela polícia.

Um deles é Dennis Heiderich, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), segundo quem o grupo já começou a guardar algumas coisas pessoais, mas não vai deixar o local. Cerca de 20 pessoas do MBL, e de outros grupos pró-impeachment, como o Papo de Direita e o Juntos pelo Brasil, devem sentar no chão e só sairão quando a polícia os arrastarem de lá.

"Respeitamos o trabalho da polícia, por isso não vamos usar a força, mas terão que nos arrastar", afirmou

Na parte de cima do gramado do Congresso, onde o movimento dos Revoltados Online montou uma grande tenda, a reportagem encontrou um caminhão recolhendo várias mesas, cadeiras, bancos e até armários que haviam sido levados para o local para dar suporte aos manifestantes que lá permaneceram durante esse último mês.

Desde 21 de outubro, grupos contrários à presidente Dilma Rousseff espalharam barracas e montaram tendas autorizados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apesar de um ato conjunto de 2001 com o Senado proibir qualquer tipo de instalação nos arredores do Congresso.

Após conflitos ocorridos na última semana, com direito a tiros e um deputado, o petista Paulo Pimenta (RS), ferido, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que já havia se manifestado contrário ao acampamento, subiu o tom e se reuniu, na quinta (19), com Cunha e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.

A determinação é que os acampados têm até as 18h deste sábado para deixar o local. A ordem se estende ao grupo, também contrário à Dilma, mas que defende a intervenção militar, que está acampado próximo ao Congresso, na altura do Ministério da Justiça, há cerca de sete meses.

Os intervencionistas reclamam da visibilidade do movimento e da ação da PM. Renato Tamaio, líder do SOS Forças Armadas, afirmou que o movimento vai resistir. "Tudo o que acontecer hoje, com qualquer pessoa aqui, é de responsabilidade do governador e dos presidentes da Câmara e do Senado. Isso é uma ação truculenta da PM. Não desistiremos da luta".

Segundo o chefe da Comunicação Social da Polícia Militar do DF, Capitão Miquelo, há todo um esquema preparado para a retirada e será usada "força progressiva" caso haja necessidade. Ele destacou, contudo, que as negociações estão em andamento e que os grupos devem se retirar sem grandes confusões.


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