Folha de S. Paulo


'Não vamos desistir do país', diz procurador da Lava Jato

Turma do Bem/Divulgação
O procurador da República Deltan Dallagnol durante evento realizado pela ONG Turma do Bem no interior paulista
O procurador da República Deltan Dallagnol durante evento realizado pela ONG Turma do Bem em SP

O procurador da República e coordenador da Força-Tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, disse nesta quinta-feira (5) que, apesar de sentir nas ruas um clima negativo em relação a punição do caso e a possível diminuição da corrupção, "não vamos desistir do nosso país."

"Existem causas que valem a pena lutar independente do resultado e o Brasil é uma delas", completou, sendo aplaudido de pé por cerca de 300 pessoas.

O procurador contou que tem sido abordado nas ruas e parabenizado pelo trabalho desenvolvido na Lava Jato. Mas a perspectiva em parte da população não é das melhores.

"Não podemos perder a esperança e a indignação com a injustiça. Não compro a tese de quem dúvida. Antes quem imaginava que um avião voaria, que ouviríamos voz por telefone, que todas as ruas do mundo seriam fotografadas? O impossível muitas vezes está lá esperando para ser superado", disse.

Para o procurador, a sociedade nunca esteve tão sensibilizada com o tema e é esse o momento de propor e apoiar medidas que combatam a corrupção. Ele citou como exemplo as "10 Medidas Contra a Corrupção", projeto de lei de iniciativa popular que tem como objetivo prevenir e reprimir os casos.

"É um momento único na nossa história e se perdermos, talvez não teremos outro ao longo de nossas vidas", afirmou.

Dallagnol deu as declarações em um evento voltado para dentistas realizado pela ONG Turma do Bem, em São Bento do Sapucaí, interior paulista.

De acordo com o procurador, a demora na punição em casos de corrupção e o tempo de pena, "que é uma piada", traz a sensação de impunidade à população. "É difícil descobrir os casos, que surgem simultaneamente, prová-los e não serem derrubados pela justiça", contou. "Impunidade e corrupção caminham de mãos dadas."

Para ele, apesar de a investigação ter aberto uma janela no tempo para a decisão do futuro do país, ela é a "ponta do iceberg" de uma corrupção histórica e nenhuma instituição sozinha será capaz de mudar esse cenário, somente uma sociedade unida. "Temos que atuar no sistema que favorece esse fenômeno, [senão] é enxugar gelo", afirmou.

A repórter viajou a convite da ONG Turma do Bem


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