Folha de S. Paulo


Em Alagoas, Dilma anuncia medidas para afagar setor sucroalcooleiro

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira (5), em Maceió, medidas para contemplar o setor sucroalcooleiro, que tem sido afetado pela seca no Nordeste e vinha demonstrando insatisfação com as políticas de compensação do governo federal.

Em reunião a portas fechadas com 72 representantes das indústrias, do agronegócio e da construção civil, Dilma anunciou um seguro exportação destinado a bancos privados que financiarem investimentos de empresas sucroalcooleiras.

Segundo o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento), que participou do encontro, o crédito aos produtores poderá chegar a US$ 500 milhões em até seis anos –cerca de 60% destinados a empresas de Alagoas, Estado responsável por mais da metade da produção da cana-de-açúcar no Nordeste.

"O governo entra com o seguro de crédito, as instituições financeiras privadas financiam as empresas, e as empresas podem, dessa forma, financiar todo o ciclo da operação até a realização e liquidação das cotas", disse Monteiro à imprensa após o encontro.

O objetivo, segundo o ministro, é garantir o cumprimento das cotas de exportação de açúcar para os Estados Unidos, que remuneram os produtores do Nordeste com preços acima dos valores de mercado.

Além disso, Dilma também anunciou a instalação de uma unidade da Embrapa em Alagoas. O Estado é o único que ainda não conta com a empresa, que irá prestar assistência técnica ao desenvolvimento das atividades agropecuárias.

SEM RESPOSTA

A presidente deixou sem resposta, contudo, uma das principais reivindicações do setor canavieiro.

Os produtores se queixam de que o governo ainda não iniciou o pagamento de subvenções a canavieiros afetados pela seca, conforme autorizado em lei sancionada pela presidente em junho de 2014, que deveria beneficiar 30 mil agricultores do Nordeste e do Rio de Janeiro.

A cobrança foi endossada nesta quinta pelos presidentes da Faeal (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas), Álvaro Almeida, e da FIEA (Federação das Indústrias do Estado de Alagoas), José Carlos Lyra.

Segundo o ministro Armando Monteiro, Dilma "reconhece que há esse compromisso com o setor, mas a crise fiscal impossibilita uma solução a curto prazo".

A lei 12.999 prevê o pagamento de R$ 12 por tonelada de cana produzida, até o limite de 10 mil toneladas por produtor. Segundo sindicatos, as subvenções beneficiariam principalmente os pequenos canavieiros, que representam 92% do setor.

Alagoas é o principal produtor de cana-de-açúcar do Nordeste e, assim como os demais Estados da região, enfrenta a pior seca dos últimos 84 anos. O setor estima deficit de 15% em relação à safra passada, devido à estiagem.

SECA

No encontro, Dilma também se comprometeu a dar continuidade a obras federais de enfrentamento à seca, como o Canal do Sertão Alagoano, e a concluir a terceira etapa do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.

A presidente fez ainda uma análise do quadro fiscal brasileiro, pediu colaboração e otimismo dos empresários e defendeu a recriação da CPMF, imposto sobre movimentações financeiras que desagrada o empresariado.

Também participaram da reunião os ministros Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento), Kátia Abreu (Agricultura) e Gilberto Occhi (Integração Nacional), o governador Renan Filho (PMDB) e parlamentares.

Dilma saiu do encontro sem falar com jornalistas. Mais cedo, em inauguração de um trecho do Canal do Sertão Alagoano, em Inhapi (AL), a presidente se comprometeu em dar continuidade às obras de combate à seca, apesar do momento de crise econômica.

"Quando uma família passa por dificuldade, o que acontece? Uma parte aperta um pouco o cinto. Outra parte olha aquilo que é importante pra família, que tem que ser mantido. No Brasil, nós estamos passando por uma dificuldade, agora tem uma coisa que é importantíssima ser mantida. São todas as obras ligadas à questão da seca", afirmou.


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