Folha de S. Paulo


análise

Desafio de Haddad é reconquistar a periferia

Não é só com os reflexos das crises política e econômica sobre a sucessão paulistana que o prefeito Fernando Haddad deve se preocupar.

Considerando-se o alto grau de rejeição ao PT, ao governo federal e aos políticos tradicionais na capital, conseguir metade da população avaliando pelo menos como regular a atuação do prefeito lança dúvidas sobre a correlação entre essas duas esferas.

Pelos resultados do Datafolha, o maior desafio de Haddad será reconquistar a adesão do segmento da população que mais o apoiava –eleitores de menor renda, distribuídos majoritariamente pela periferia da cidade.

Antes das manifestações de junho de 2013, esse era o estrato que apresentava maior taxa de aprovação à administração do petista. Hoje, é o conjunto em que sua popularidade se mostra mais baixa.

Há contrastes mesmo entre os jovens, onde Haddad alcança melhor desempenho. O petista obtém seu maior índice de popularidade entre jovens com renda superior a cinco salários (29%). Entre os que têm renda inferior, a taxa de aprovação à gestão fica em 16%.

O prefeito deve provocar debate nas famílias de classe média, já que sua rejeição tende a ser maior justamente entre os idosos mais ricos.

A tendência reflete-se na intenção de voto para prefeito. Entre os paulistanos com renda de até dois salários mínimos, Marta Suplicy (PMDB) é a candidata que mais cresce em relação à média. Entre jovens de maior renda, Haddad tem sua melhor taxa e bate até Celso Russomanno (PRB).

As marcas da administração Marta na periferia –como os CEUs– e o alcance da TV ali explicam não só o bom desempenho da ex-prefeita nos estratos mais carentes como também as performances de Russomanno e Datena entre os menos escolarizados.

A queda de popularidade de Haddad entre os mais pobres não parece ser uma reação negativa às recentes medidas de mobilidade e ocupação do espaço público adotadas pela Prefeitura, em geral bem recebidas no segmento.

Estratificando-se a amostra em cinco subgrupos de acordo com o apoio às três ações recentes –uso da Paulista para lazer, redução da velocidade máxima nas ruas e ampliação das ciclovias– não se nota contraste significativo de acordo com a renda familiar.

Os grupos mais favoráveis, "entusiastas" (que aprovam as três medidas) e "simpatizantes" (aprovam duas delas) somam 51%. Os "reticentes" (aprovam apenas uma) e os "refratários" (reprovam todas) chegam, juntos, a 48%. Os jovens são os mais entusiasmados com as ações e os idosos, os mais resistentes.

DEMANDAS

Para a periferia, apenas fechar avenidas, construir ciclovias ou diminuir a velocidade nas ruas não é suficiente. Compreender demandas específicas desses bairros e aplicar políticas públicas adequadas, reduzindo a percepção de carência que seus moradores atribuem à gestão municipal, é fundamental.

Foram os eleitores da periferia, com seu peso populacional e sua nova inserção na sociedade, que decidiram as últimas eleições. A um ano da próxima disputa, os adversários de Haddad mostram ter junto a esses eleitores maior potencial para a missão.

Prefeitura de SP


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