Folha de S. Paulo


Deputados preparam reação a acordo para livrar Cunha

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Integrantes do Conselho de Ética da Câmara iniciaram conversas para tentar barrar um possível acordo que estaria sendo montado para livrar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de investigação pelo órgão.

O principal objetivo desse grupo é anular a possibilidade de que a representação que pede a cassação de Cunha seja declarada inepta na sua análise inicial.

O processo será instaurado na terça (3), data em que serão sorteados três deputados para que, dessa lista, um seja escolhido relator pelo presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).

Esse relator terá dez dias para apresentar uma análise inicial. Se, na votação desse parecer preliminar, a maioria dos 21 membros do Conselho entender que a representação é inepta, o caso vai para o arquivo.

Aliados de Cunha dizem que esse é o objetivo primordial do peemedebista, já que, se a representação superar essa fase, qualquer decisão tomada pelo Conselho, seja a cassação seja a absolvição, será submetida a votação aberta no plenário da Câmara.

Araújo foi eleito para o comando do Conselho contra a vontade de Cunha. A intenção dos membros do conselho que detectam tentativa de acordão é pressionar Araújo a escolher um relator que se comprometa a dar seguimento à representação.

Se os aliados de Cunha conseguirem aprovar no Conselho a tese da inépcia da acusação, resta ainda ao grupo reunir o apoio de pelo menos 52 deputados para recorrer ao plenário da Câmara.

Nesta quinta (29), Cunha e seus aliados patrocinaram mais uma manobra na tentativa de diluir o foco no Conselho e atrasar o processo contra o peemedebista.

Um dos principais aliados do presidente da Câmara, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) apresentou à Mesa pedido de cassação do mandato do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos responsáveis pela representação contra Cunha.

Em seu pedido, Paulinho, que é presidente do Solidariedade, afirma que Alencar usou recursos da Câmara em sua campanha devido a doações eleitorais recebidas de secretários parlamentares, além de ter sido ressarcido por serviços prestados por empresa-fantasma.

No caso da acusação sobre a empresa-fantasma, Alencar apresentou ofício em que o Ministério Público diz não ter encontrado indício de participação do parlamentar em irregularidades.

"É uma evidente manobra com todos os indícios de que foi orientada por Cunha. Trata-se obviamente de um 'paulinho-mandado', cujo objetivo é tumultuar, desviar o foco, jogar uma cortina de fumaça", afirmou Alencar.

Cunha e Paulinho negam a manobra. Alencar foi à entrevista coletiva de Paulinho e o acusou de promover "jogo é baixo".

IMPEACHMENT

Cunha também anunciou nesta quinta que desistiu do rito que havia proposto para eventual processo de afastamento contra Dilma Rousseff. Esse "manual do impeachment" havia sido barrado por três liminares do Supremo Tribunal Federal –que, agora, perdem o efeito, segundo ele.

O objetivo do peemedebista, com isso, é desobstruir o caminho para a decisão que dará sobre a sequência ao pedido de impeachment contra a petista, decisão que não tem data para ser anunciada.


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