Folha de S. Paulo


Impeachment de Getúlio Vargas foi barrado na Câmara em 1954

Desde 1945, dois presidentes brasileiros tiveram seus mandatos ameaçados por pedidos de impeachment levados ao plenário da Câmara dos Deputados: Getúlio Vargas, em 1954, e Fernando Collor, em 1992. O primeiro sobreviveu à votação, mas não à crise política. O segundo foi deposto, hoje é senador.

A ação contra Getúlio foi rejeitada por 136 votos contra 35, e 40 abstenções. A de Collor passou com 441 votos contra 38, e 1 abstenção.

O que pesou nesses resultados? Primeiro, a dimensão das bases de sustentação no Congresso. Embora a coalizão getulista não fosse muito sólida, ela reunia 57% da Câmara. Já a de Collor, instável, oscilou entre 34% e 44%.

Os dois governos tinham problemas com o Legislativo, mas sob Fernando Collor era pior: o presidente se recusava a entregar ministérios aos partidos aliados e procurava governar por meio de medidas provisórias, reeditadas indefinidamente.

Lula Marques - 29.dez.1992/Folhapress
Collor em 92, prestes a assinar que responderia, fora do cargo, por crime de responsabilidade
Collor em 92, prestes a assinar que responderia, fora do cargo, por crime de responsabilidade

ACUSAÇÕES

A segunda grande diferença residia nas acusações.

Contra Vargas pesavam sobretudo denúncias de favorecer o jornal "Última Hora" e de tentar implantar o que chamavam de "república sindicalista".

Já Collor era acusado de ter favorecido o esquema de corrupção articulado por seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, conhecido como PC.

Apesar de ter sobrevivido ao impeachment, Getúlio Vargas caiu pouco depois. Pressionado pelos militares após o líder da oposição, Carlos Lacerda, sofrer um atentado, o presidente se suicidou em 24 de agosto daquele ano.


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