Folha de S. Paulo


Cunha nega acordo com governo para travar impeachment por mandato

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 15.10.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dá entrevista e depois comanda sessão na Câmara. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante sessão da Casa

Mais uma vez se esquivando de tratar das denúncias que o envolvem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta quinta-feira (15) ter feito acordos com o governo para manter seu mandato e, em troca, não dar o pontapé inicial no pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.

Chamou de "ridículas" e "baboseiras" as notícias que falam das negociações. Nos bastidores, fala-se que um dos pontos em acordo é a garantia pelo governo e pelo PT de que o processo de cassação do mandato do presidente da Câmara mandato, protocolado na terça (13) pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, não prosperaria.

"No popular, tenho isenção pelo meu papel institucional. Sempre disse que eu não ia agir nem como o governo e nem como a oposição, mas com independência, e aí significa dar curso a tudo. O governo tem interesse que suas pautas andem na Casa? Claro. É natural que busque dialogar para poder facilitar suas pautas. Não quer dizer que querem ter acordos ou acordos que não possam ser públicos", afirmou.

Segundo ele, no caso do pedido de impeachment da presidente Dilma, ele faz papel de "juiz". "Alguém conversa com juiz sobre audiência que ele vai dar? Pode argumentar, como vai advogado, e comigo só poderiam conversar se for isso, mas nem isso aconteceu. Governo não veio procurar para debater pedido de impeachment", disse.

Cunha tem apelado a aliados e ao governo para que seu processo de cassação não passe pelo Conselho de Ética, uma vez que, passada essa fase, o caso segue para o plenário, onde a votação é aberta. Cada deputado, pelo regimento, é chamado a dizer publicamente seu voto, o que deixa a situação fora de controle, uma vez que o caso tem apelo da opinião pública.

Para a cassação ser aprovada no plenário, são necessários os votos de pelo menos 257 dos 512 deputados colegas de Cunha na Câmara.

Questionado sobre quando vai se defender publicamente das denúncias de corrupção, contas secretas em seu nome e de familiares, e do recebimento de propina, Cunha evitou comentar e disse que só falará quando notificado pelo Conselho de Ética.

"Quando o conselho me notificar e pedir para eu apresentar a defesa, eu apresento nos termos que está colocado e lá. Será pública para todos. Qualquer ato de defesa que será praticado em qualquer ato será público. Não conheço os termos do que ele possa dizer, quais são as acusações. Vou me defender com todo calma e tranquilidade".

Nesta quinta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ampliou a denúncia contra Cunha oferecida ao STF (Supremo Tribunal Federal), acrescentando termos da delação de Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de propina da Petrobras.

Desde que a PGR ofereceu denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cunha tem negado qualquer envolvimento com o caso e acusa o procurador-geral de eleger investigados.


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