Folha de S. Paulo


PT de Minas pede investigação criminal contra manifestantes de oposição

O diretório do PT em Minas Gerais pediu nesta quarta-feira (14) abertura de uma investigação criminal contra grupos que fizeram protestos de oposição ao partido em Belo Horizonte e mobilização das polícias contra manifestações similares.

Em representações protocoladas na Polícia Federal, na Polícia Civil e no Ministério Público do Estado, o partido diz que os opositores cometeram difamação, injúria, difusão do ódio, formação de quadrilha e perturbação de cerimônia funerária.

O texto ainda pede que, além do inquérito, sejam feitos "esforços para a cessação dos pretensos crimes, praticados à luz do dia".

São citados três protestos. O velório do ex-presidente do PT José Eduardo Dutra, no último dia 5, é o principal motivador das queixas. Em frente à cerimônia, que reuniu líderes como o ex-presidente Lula, foram jogados panfletos com a inscrição "petista bom é petista morto".

Também no dia 5 uma cerimônia na Assembleia Legislativa terminou com críticas a deputadas. O partido diz que houve ofensas e "palavras impublicáveis" contra elas.

A Polícia Civil já investiga os casos, mas o partido diz que juntou novas provas contra os manifestantes para subsidiar o trabalho dos agentes.

A última manifestação apontada nas representações aconteceu no dia 12 e contou com um boneco "pixuleko" inflável de Lula (vestido de presidiário e com chifres de diabo), da presidente Dilma Rousseff e do governador Fernando Pimentel (ambos com corpo de rato).

Alguns dos manifestantes vestiam fantasias parecidas com o uniforme da Polícia Federal, em alusão às prisões da Operação Lava Jato. Para o PT, isso configuraria "usurpação da imagem e dos símbolos da PF".

Nominalmente, são citados os grupos Patriotas, Mulheres da Inconfidência e Brava Gente. Os três grupos negam ter causado transtornos no velório de José Eduardo Dutra ou crimes de injúria e difamação.

"Ficamos do outro lado da rua no velório, fazendo um protesto como qualquer outro. Não fomos nós que jogamos os panfletos", diz Silas Valadão, fundador do Patriotas. Ele afirma que as representações são uma "tentativa do PT de se vitimizar".

Valadão também afirma que as roupas são parecidas, mas não iguais, às da Polícia Federal, e são facilmente identificáveis como fantasias.

Marcela Valente, representante da Brava Gente e Mulheres da Inconfidência, afirma que as manifestações estão previstas na Constituição e que não houve difamação nem injúria.


Endereço da página:

Links no texto: