Folha de S. Paulo


Planalto age para conter rebelião da base aliada

Após sofrer derrotas na Câmara mesmo tendo cedido ministérios ao PMDB, o Planalto passou a procurar aliados rebeldes para tentar barrar um eventual pedido de impeachment e manter os vetos a propostas que elevam os gastos públicos.

O governo intensificou conversas com PP, PR, PTB, PSD, Pros e PRB, que buscam concessões similares às do PMDB. Eles cobram nomeações de apadrinhados para cargos e liberação de verbas para emendas parlamentares.

O ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) se reuniu com a cúpula do PRB nesta quinta (8) e ouviu cobranças por cargos e por verba para o Ministério do Esporte, sob o comando da sigla.

O PRB também reivindica a troca do atual secretário-executivo da pasta, Ricardo Leyser, ligado ao PC do B. Berzoini prometeu resolver os impasses até o fim do mês.

Também nesta quinta o governo conseguiu, com o apoio do governador Paulo Câmara (PSB-PE), evitar que o partido se juntasse aos demais oposicionistas em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Durante encontro do PSB em Brasília, Câmara argumentou que uma troca de governo neste momento pode agravar a situação de Estados e municípios.

O líder da bancada do PTB, Jovair Arantes (GO), também foi procurado por Berzoini. Segundo o deputado, o ministro disse que Dilma lhe deu autonomia para negociar cargos e emendas com as legendas, sem interferências. "Faltava comando antes. Ele [Berzoini] está com a caneta cheia de tinta, é disso que o governo precisa."

"A reforma ministerial resolveu o problema do PMDB e do PDT [que ficou com Comunicações], mas não podia fazer isso sem ter resolvido o problema dos demais. Isso estremeceu [a relação]", diz o líder da bancada do PR, Maurício Quintella Lessa (AL).

Segundo ele, os dilemas do PR já estavam resolvidos há tempo e a rebelião foi um ato de solidariedade em relação às demais siglas.

Semana que vem o governo tentará novamente realizar a sessão para manter os vetos de Dilma ao aumento de gastos. As duas tentativas anteriores falharam por falta de quorum.


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