Folha de S. Paulo


Manifestantes levam boneco inflável de Dilma ao prédio do TCU em SP

Ernesto Rodrigues/Folhapress
Movimento Nas Ruas levou boneco de Dilma pede que TCU reprove contas de 2014 da presidente Dilma
Movimento Nas Ruas levou boneco de Dilma pede que TCU reprove contas de 2014 da presidente Dilma

Manifestantes que defendem a saída da presidente Dilma Rousseff ergueram no fim da tarde desta terça-feira (6) um boneco inflável da petista –apelidado de Bandilma– em frente ao prédio do Tribunal de Contas da União (TCU) em São Paulo, na avenida Paulista.

O ato foi organizado pelo movimento Nas Ruas, mas contou com o apoio de diversos outros grupos, como o Endireita Brasil, o Vem pra Rua e o Avança Brasil - Maçons.

Os manifestantes escolheram o local para defender que o TCU reprove as contas da presidente Dilma por causa das pedaladas fiscais e para repudiar os recentes movimentos do governo, que pede a troca do ministro Augusto Nardes, relator do caso. Nardes recomendou a reprovação das contas, que serão julgadas pela corte nesta quarta (7).

Com bandeiras do Brasil, mini pixulekos (bonecos do ex-presidente Lula), cartazes, apitos, panelas e o apoio da buzina de alguns motoristas que passavam pela Paulista, os manifestantes gritavam palavras de ordem como "reprova, TCU", "fora, PT" e "a nossa bandeira jamais será vermelha".

Os mini pixulekos eram vendidos a R$10.

A gerente de projetos Carla Zambelli, 35 fundadora e porta-voz do Nas Ruas, diz que o movimento quer a saída de Dilma de qualquer maneira "seja impeachment, cassação ou renúncia".

Ela afirma que há corrupção em todos os partidos políticos, mas acredita que o PT seja "o pior deles".

O grupo não é, a princípio, contra Michel Temer, que assumiria a presidência numa eventual saída de Dilma, mas Carla avisa que, se o peemedebista fizer uma gestão ruim, também pedirá sua saída.

Além de defender a reprovação das contas de Dilma, os manifestantes exibiram faixas em defesa do juiz federal do Paraná Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras.

Ao final do ato, os manifestantes cantaram o hino nacional e organizadores se vestiram com uma toga preta, em apoio à autonomia dos ministros do TCU.

A organização estimou que havia cerca de 40 organizadores no local. Entretanto, alguns transeuntes acabaram se juntando ao grupo, inflando este número.

EXALTADO

Uma figura chamava a atenção no ato. Com uma peruca, um homem falava bastante exaltado num alto-falante quando um ciclista passou e gritou "fascistas" para os manifestantes.

Ele então o xingou e disse que "um homem de 1,50m de altura" (referindo-se à própria baixa estatura) o ensinaria a brigar.

Em outro episódio, discutiu com um morador de rua aparentemente bêbado por alguns segundos, mas fez as pazes e o incitou a gritar xingamentos à Dilma no alto-falante, o que o morador de rua fez.

Além disso, também mandou uma jovem calar a boca e a xingou de "vaca" após ela criticar o ato. Ele foi veementemente repreendido pela organização e quase teve de se retirar do local.

"Não é isso que a gente quer passar", lamentou-se Carla, após quase expulsá-lo.

O homem em questão é o empresário Duca de Almeida, 59, que afirmou ser membro de um grupo chamado Zumbido Popular –que não foi citado pela organização como apoiador do ato.

À reportagem, ele afirmou ser a favor do impeachment e defender o fim do PT e do PMDB e frisou não ser também a favor do PSDB nem da volta do Exército ao poder. Para ele, é necessário que surja uma liderança capaz de fazer "um governo justo com um STF justo"

"A gente tem que ensinar o povo a eleger. O Zumbido Popular é a favor da população carente e defende a saúde e a segurança", completou.

À exceção das discussões das quais o empresário participou, a manifestação foi pacífica. No máximo, alguns gritaram "vai para Cuba" a um homem que disse "cuidado que eu vou furar [o boneco]".


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