O Congresso deve votar nesta terça-feira (6) se mantém ou não os vetos de Dilma Rousseff a três projetos das chamadas pautas-bomba, com medidas que ampliam os gastos do governo em um momento em que o Planalto tenta promover um ajuste fiscal.
Os vetos que serão apreciados nesta terça referem-se a três projetos que, se entrarem em vigor, representarão um gasto extra de R$ 63,2 bilhões para os cofres públicos até 2019.
Aprovados anteriormente pelo Congresso e vetados pela presidente, os textos preveem reajuste salarial médio de 59,5% aos servidores do Judiciário, extensão a todos os aposentados da política de valorização do salário mínimo e dedução de Imposto de Renda de professores na aquisição de livros.
Visando assegurar a manutenção de vetos presidenciais a medidas que elevam os gastos públicos, o Planalto age para enfraquecer dissidentes na base aliada e viabilizar a votação.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), articula para esvaziar a sessão conjunta entre senadores e deputados e, assim, evitá-la.
Segundo aliados de Cunha, o peemedebista está insatisfeito com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem cabe convocar as sessões conjuntas de deputados e senadores, desde que o colega se negou a colocar na pauta da sessão da última quarta (30) o veto ao financiamento privado de campanha eleitoral.
A pedido de Dilma, o núcleo político do governo procurou deputados nesta segunda (5) e reuniu à noite no Palácio do Planalto líderes da base aliada para pedir que compareçam à sessão legislativa.
Em outra frente, ministros peemedebistas apelaram a deputados para tentar reverter a posição de parte da bancada que ameaça derrubar os vetos e, na semana passada, assinou manifesto contra a cessão de cargos no Planalto.
Congresso analisa vetos de Dilma
PMDB
O governo aposta no aumento do espaço do PMDB na equipe ministerial para aumentar suas chances de manter os vetos.
O Planalto teme que a votação seja protelada mais uma vez. Isso porque o Tribunal de Contas da União deve julgar nesta quarta (7) as contas do governo.
Caso a maioria na corte acate a posição do relator Augusto Nardes, que deve pedir a rejeição das contas, o receio é de que o clima no Congresso se torne hostil ao governo.
Para evitar o adiamento, a presidente antecipou a posse de seus novos ministros e marcou para esta terça (6) a reunião da coordenação política do Palácio do Planalto.
A mudança dará à petista tempo para bolar uma estratégia e garantir a análise dos vetos. Segundo aliados, ela entrará pessoalmente na articulação, se for preciso.
Como a Folha revelou no domingo (4), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), age para esvaziar a sessão do Congresso por estar insatisfeito com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não viabilizou a análise no Congresso do veto presidencial às doações empresariais a campanhas eleitorais.
A oposição teme que o Planalto consiga manter os vetos à pauta-bomba.