Folha de S. Paulo


Velório de Dutra, ex-presidente do PT, é marcado por ofensas a petistas

Panfletos com a inscrição "petista bom é petista morto" foram jogados por uma pessoa não identificada em frente de onde estava sendo velado o corpo de José Eduardo Dutra, 58, morto na madrugada de domingo (4), em Belo Horizonte.

Ex-presidente da Petrobras e ex-presidente nacional do PT, Dutra lutava havia cinco anos contra um câncer de pele.

O velório, que foi fechado à imprensa, reuniu várias lideranças do PT, entre elas o ex-presidente Lula, num funeral privado na região centro-sul de Belo Horizonte.

Mais tarde, um grupo de três pessoas –um homem que se apresentou como Cipriano Oliveira e duas mulheres que não quiseram se identificar– gritou palavras de ordem contra o PT.

O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) classificou os atos de "ridículos".

"Mostram que são pessoas inspiradas por uma pauta fascista, racista, intolerante e cheia de ódio e sem representatividade e totalmente fora de lugar."

Antes, Lula afirmou que as ideias de Dutra irão permanecer. "A sua carne se vai, mas as suas ideias permanecem. Valeu a pena a sua passagem pela Terra e valeu muito mais a pena pra nós todos termos podido ser seus amigos", afirmou Lula no discurso que ele fez para o grupo de familiares e amigos próximos. A declaração foi divulgada pela assessoria do petista.

Além de Lula, outros colegas de vida política prestaram as últimas homenagens, como o presidente do PT, Rui Falcão, e o governador de Minas, Fernando Pimentel. Lula, Pimentel e Falcão entraram direto para a cerimônia, sem falar com a imprensa.

Outros membros do PT lamentaram a perda de José Eduardo Dutra, remontando a trajetória dele junto aos movimentos sociais e sindicais. "Ele continua vivo nos grandes ideais da democracia, da liberdade e da igualdade, que motivam as pessoas que lutam pelo país", disse o deputado estadual Durval Angelo.

"Sempre foi uma pessoa correta, íntegra", disse o ex-deputado Virgílio Guimarães.

O secretário Nilmário Miranda recordou as raízes mineiras de Dutra. "O pai dele foi prefeito de Caputira, ele tinha forte ligação com Caratinga e muitos familiares moram em Belo Horizonte, inclusive a mãe dele, de quem sou amigo", contou.

Dutra lutava passou os últimos meses se tratando em Belo Horizonte, justamente para ficar perto da mãe e dos parentes mais próximos.

O corpo de Dutra foi levado ao cemitério Parque da Colina, onde foi cremado.


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