Folha de S. Paulo


Líderes do PMDB dizem que reforma apaziguará base aliada no Congresso

Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmaram nesta sexta-feira (2) que a reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma Rousseff resultará em uma reconciliação da base aliada no Congresso com o Planalto.

Apesar de defender a redução da Esplanada dos Ministérios, o PMDB acabou aumentando a sua participação no núcleo do governo ao garantir o comando de sete pastas. Até então, a sigla detinha seis ministérios.

O novo ministério de Dilma

"A reforma agora apazigua na medida em que você passa a ter interlocutores mais próximos. Dá mais conforto à base. Agora a interlocução também fica mais coesa", afirmou Picciani. Ele indicou os ministros da Saúde, Marcelo Castro (PI), e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (RJ), que é ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Após ser um dos responsáveis por algumas derrotas do governo no Congresso, o PMDB é tido agora como o fiel da balança para segurar um eventual processo de impeachment contra Dilma no Legislativo e fundamental para a reconstrução da base para aprovar o ajuste fiscal. Segundo Picciani, a bancada será mais fiel ao governo a partir de agora.

Na avaliação de Eunício, Dilma fez um movimento importante na política mas agora precisa fazer algo semelhante na economia para que o país recupere a credibilidade e possa retomar o crescimento da economia. "O movimento político está feito. Agora, o próximo passo é a economia. É preciso que a gente dê uma reanimada na economia", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

Em relação a uma fidelização da base aliada na Câmara, o peemedebista disse acreditar que as siglas que estavam formalmente na base mas que não estavam votando de acordo com as indicações do governo, deverão ser mais fiéis a partir de agora.

"Acho que ela fez um movimento importante com vários partidos que eram ditos partidos da base mas que representavam apenas uma simbologia de que eram partidos da base sem nenhuma resposta, do ponto de vista de votos e do cumprimento daquilo que eram matérias encaminhadas pelo governo. Acho, então, que agora melhora a relação do governo com a Câmara. No Senado, isso já era muito tranquilo", disse.

Pela cota do partido no Senado, a presidente manteve os ministros Eduardo Braga no Ministério da Ciência e Tecnologia, e Kátia Abreu na Agricultura. O ministro Eliseu Padilha, ligado ao vice-presidente Michel Temer, também foi mantido no Ministério da Aviação Civil. Também foram mantidos os ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Helder Barbalho (Portos).

Mesmo com as trocas, um terço da bancada de 66 deputados do PMDB assinou manifesto criticando Dilma e condenando a "baganha por cargos". Os grupo de 22 diz que ela conduz o país de forma "errática" e "desacreditada".

Um outro setor do PMDB, em compensação, começou a articular o adiamento do congresso do partido, previsto para novembro, em que pretendem discutir a saída do governo.

Ao final do anúncio da reforma ministerial, Eliseu Padilha reconheceu que o governo fez todo o esforço para contemplar o PMDB. "Agora vamos tentar unificar a base", disse.

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OS CORTES

Confira o que mudou com a reforma.

O QUE ACABOU

  • Pesca integrado à Agricultura
  • SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) atribuições que permanecerem serão direcionadas ao Ministério do Planejamento
  • GSI (Gabinete de Segurança Institucional)
  • SRI (Secretaria de Relações Institucionais)
  • Secretaria de Micro e Pequena Empresa*

O QUE FOI FUNDIDO

  • Secretaria-Geral da Presidência transformada em Secretaria de Governo, vai abranger o gabinete militar do GSI, a Secretaria da Micro e Pequena Empresa e a SRI
  • Secretarias de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos tornaram-se um único ministério, resultando no corte de duas pastas
  • Previdência Social e Trabalho tornaram-se um único ministério, resultando no corte de uma pasta

O orçamento de cada ministério

Ministérios

(MARINA DIAS, GUSTAVO URIBE, FÁBIO MONTEIRO e CÁTIA SEABRA)


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