Folha de S. Paulo


'Dilma fez agora o que deveria ter feito em novembro', diz Lula sobre reforma

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta quarta-feira (30) com a executiva nacional do PT na sede do partido, no centro de São Paulo, e pediu que os líderes aceitem que a legenda perca ministérios durante a crise política enfrentada pela presidente Dilma Rousseff.

Dilma conduz uma reforma ministerial em que o número de pastas sob o comando do PMDB deve passar de seis para sete —incluindo, possivelmente, a da Saúde. Dilma demitiu, nesta terça (29), o ministro Arthur Chioro, que deixará o ministério nesta quinta (1º).

A presidente já informou o PMDB, que vinha pressionando por mudanças, que irá trocar Aloizio Mercadante por Jaques Wagner na Casa Civil.

O ex-presidente destacou que a reforma é necessária para garantir governabilidade à presidente, mas ressaltou que ela deveria ter feito as mudanças que realizou essa semana em novembro, depois de se reeleger, segundo relatou um dos participantes do encontro.

Lula também afirmou que o discurso que Dilma precisa levar à sociedade é de que a troca de ministros não está sendo feita para evitar o impeachment, mas sim porque o governo vive uma nova fase que exige novas soluções para tirar o país da crise e que tem na figura da presidente sua principal articuladora. Na reunião, ele também adiantou que terá um almoço com a presidente na quinta (1), em Brasília, para falar sobre as mudanças nos ministérios.

Os membros da executiva do partido reforçaram para Lula a importância de trazer transformações na política econômica conduzida pelo governo para recompor a relação com a base social do partido.

Segundo participantes do encontro, o ex-presidente também defendeu mudanças na política econômica e apontou alguns caminhos. Um deles seria uma política de aumento de créditos do BNDES para empresas financiarem construção civil, serviços, entre outras áreas estimulando o consumo a médio prazo. Ele ainda não discutiu a ideia com a presidente.

Participantes da reunião relataram ainda que Lula pediu para que os integrantes da executiva se assumam como dirigentes da sigla viajando pelo Brasil, "nem que seja de ônibus, de moto", para mobilizar as pessoas e defender o PT. O foco do grupo não são novos eleitores, mas quem já votou na legenda.

Entre os presentes que dividiram a mesa principal com Lula estavam o presidente do partido, Rui Falcão, a secretária nacional de mobilizações, Maristella Mattos, o secretário geral, Romênio Pereira, e a secretária de Relações Internacionais, Mônica Valente.

O encontro foi visto como um exceção na agenda do ex-presidente, que raramente se desloca até a sede nacional do PT. As conversas de Lula geralmente são realizadas no instituto que leva seu nome, na zona sul da capital paulista.

Lula falou por mais de três horas. Chegou por volta das 10h e permaneceu até o fim da reunião, que terminou por volta das 13h30. Pessoas próximas ao ex-presidente afirmaram à Folha que a reunião foi pedida há tempos pela executiva da sigla.


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