Folha de S. Paulo


Lobista diz ter feito pagamentos a políticos e funcionários da Petrobras

Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador ligado ao PMDB, chega ao IML de Curitiba (PR) para exame de corpo de delito
O lobista João Augusto Rezende Henriques é escoltado por policiais federais

O lobista João Augusto Rezende Henriques, ligado ao PMDB, afirmou à Polícia Federal que fez pagamentos para políticos e funcionários da Petrobras que o ajudaram em negócios ligados à estatal. Henriques é apontado pelos investigadores da operação Lava Jato como lobista do PMDB na diretoria Internacional da companhia petrolífera.

Em depoimento à PF na última sexta-feira (25), Henriques disse que "amigos" colaboraram com ele em transações vinculadas à Petrobras e em troca receberam dinheiro.

"Se alguém me ajudou, eu paguei. Se alguém me deu uma informação, eu paguei", relatou.

Porém, Henriques recusou-se a revelar os nomes daqueles que contribuíram para o sucesso dos negócios dele. Ao ser indagado se no grupo de "amigos" havia agentes públicos ou políticos, respondeu: "Tem pessoas que têm cargo".

No testemunho, o lobista afirmou que alguns desses pagamentos foram feitos para contas no exterior, mas negou que as transferências feitas no Brasil ou para fora do país tiveram ligação com irregularidades na Petrobras ou com o pagamento de propinas.

Henriques também admitiu no depoimento que fez repasse de dinheiro para conta no exterior que tinha como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Porém, o lobista disse que quando fez a transferência não sabia que a conta pertencia a Cunha, e tal informação só foi obtida por meio de autoridades da Suíça há dois meses.Neste depoimento ele não cita valor e data da operação.

Segundo o advogado do lobista, José Cláudio Marques Barboza Júnior, Henriques tinha que fazer um pagamento de uma comissão para o economista Felipe Diniz, e este indicou que o valor deveria ser depositado em uma conta no exterior. Posteriormente, veio a saber que a conta tinha Cunha como beneficiário, segundo o advogado.

Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.

Apenas quatro anos depois de entrar no negócio, a Petrobras deixou o projeto em Benin em julho deste ano.

Diniz é filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009.

Em depoimento à Justiça Federal no mês passado, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato, afirmou que era de conhecimento público na estatal que o ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada tinha chegado ao cargo com o apoio do PMDB de Minas Gerais e de um deputado do Estado com sobrenome Diniz.


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