Folha de S. Paulo


Marta repreende Picciani por seu apoio a Dilma e enaltece Temer

Recém-filiada ao PMDB, a senadora Marta Suplicy repreendeu publicamente o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, por sua aproximação com a presidente Dilma Rousseff.

A cúpula do PMDB prestigiou neste sábado (26) o ato de filiação de Marta ao partido. Líder do PMDB na Câmara, Picciani foi acomodado no fundo do palanque, longe de expoentes do partido. Hoje um dos defensores da presidente Dilma Rousseff na bancada do PMDB, ele foi citado por Marta:

"Picciani, a gente tem que se unir. Vou pedir de coração. Ouça os mais velhos. A gente está num momento importante. Eu queria muito entrar num PMDB que utilizasse a sabedoria acumulada do PMDB e o momento é agora."

Sem falar diretamente num eventual processo do impeachment de Dilma, Marta fez questão de frisar que ingressa no partido que foi de Uyisses Guimarães (morto em 1992). Como deputado, Ulysses teve papel fundamental para o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Jorge Araújo/Folhapress
Senadora Marta Suplicy durante cerimônia que celebra sua filiação ao PMDB
Senadora Marta Suplicy durante cerimônia que celebra sua filiação ao PMDB

Marta citou Ulysses num momento em que justificava sua entrada no PMDB por querer um país sem corrupção.

"A gente quer um Brasil livre, livre da corrupção, livre das mentiras e daqueles que usam a política como meio de obter vantagens pessoais", disse ela, à mesa com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

Em seus 25 minutos de discurso, Marta elogiou peemedebistas, como Romero Jucá (RR), a quem chamou de "líder nato", Renan Calheiros (AL) e Edison Lobão (MA).

Ela encerrou seu discurso afirmando que Temer tem todas as qualidades que o momento exige: "Temer é um líder, um conciliador, um homem do diálogo, qualidades pessoais essenciais que este momento exige. Eu me sinto à vontade, segura, sob tua presidência. Todos nós estamos com você, Michel".

CHALITA

Marta resvalou nas denúncias existentes contra o secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, ao dizer que ele é vítima de injustiça. Também disposto a concorrer à Prefeitura dissera que o "o PMDB não tem dono".
Ao discursar minutos depois, Marta disse que se sentia dona do partido e propôs uma parceria com Chalita.

"A vida pública, Chalita, é cheia de armadilhas e nunca faz justiça aos grandes. Deus escreve certo por linhas tortas. Chalita, agora juntos vamos fazer o PMDB mais forte", afirmou.

PÓS-1964

No encontro, todos os discursos foram marcados pela descrição da crise política. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que "o PMDB tem grande preocupação com a circunstância nacional".

"Depois de 1964, nós estamos vivendo no Brasil a maior crise política e econômica. A solução econômica tem que vir rapidamente. Tão grande será o PMDB quanto puder dar as respostas que o Brasil precisa", discursou Renan.

Sucessor de Dilma num eventual impeachment, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que "há um momento em que o PMDB converge".

"É quando se trata do Brasil, do interesse. Neste momento há uma convergência absoluta do PMDB", disse ele.

Para o senador Romero Jucá (RR), o ato é uma demonstração de que o "PMDB está buscando seu próprio caminho".

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA) afirma que a filiação de Marta é um indício de que o "PMDB se afastará do PT".


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