Folha de S. Paulo


Ministro do PMDB diz que respeitará indicações do partido para reforma

Em meio às discussões das bancadas do PMDB da Câmara e do Senado sobre nomes para apresentar à presidente Dilma Rousseff para compor sua nova equipe, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, afirmou que respeitará a decisão das lideranças do seu partido.

"Não [estou participando das discussões]. Isso será conduzido pelo vice-presidente e pelas lideranças partidárias", afirmou na manhã desta quarta-feira (23) ao deixar a Câmara dos Deputados, onde participou de um seminário pela semana mundial do turismo.

Alves assumiu o Turismo em abril deste ano, após perder as eleições do ano passado para o governo do Rio Grande do Norte. A indicação, que não contou com simpatia da presidente Dilma, teve aval do vice-presidente Michel Temer, que interveio para fazer valer acordo firmado com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem é aliado próximo.

A nomeação de Alves, em substituição a Vinícius Lages, apadrinhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estremeceu as relações com o senador, que acabou alocando o ex-ministro como chefe de seu gabinete.

No desenho da reforma administrativa que deve ser anunciada nos próximos dias pelo governo, o ministério de Henrique Alves deve ser um dos limados da Esplanada dos Ministérios. A ideia, é fundir secretarias e ministérios com objetivos comuns, mas o organograma oficial ainda não foi divulgado.

Apesar do discurso amigável, nos bastidores, fala-se que Henrique Alves está "chiando" com a nova configuração ministerial. Segundo interlocutores, ele reclamou de não constar na lista que os deputados de seu partido vão encaminhar para a presidente Dilma. O Ministério do Turismo é da cota do PMDB da Câmara.

Os nomes que o PMDB vai levar à Dilma foram um pedido dela própria, que se reuniu com os líderes do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunicio Oliveira (CE). A ideia é oferecer duas indicações da Câmara, duas do Senado, e uma de consenso.

Como informou a Folha na terça (22), o governo federal passou a cogitar entregar o Ministério da Saúde o PMDB para ampliar a influência do aliado e evitar o desembarque da sigla da base.

Os primeiros nomes cogitados para a Saúde são Manoel Júnior (PB), aliado de Eduardo Cunha, e Marcelo Castro, que é próximo de Temer.

A presidente pediu de Picciani também indicações para uma pasta de infraestrutura, que seria resultante da fusão entre Portos e Aviação Civil. O partido também ambiciona outro grande orçamento da Esplanada, a Educação.

Sérgio Souza (PR), José Priante (PA) e Celso Pansera (RJ) seriam outros nomes da relação da Câmara.

Já do lado do Senado, a presidente teria oferecido o Desenvolvimento, mas a bancada reivindica a Integração Nacional.

Hoje, o PMDB ocupa Minas e Energia, Turismo, Agricultura, Pesca, Portos e Aeroportos. Os principais cargos, contudo, são ocupados pelo PT ou são da cota pessoal da presidente Dilma.
Dos ministros peemedebistas, os únicos que, segundo fala-se, estão com suas vagas garantidas na nova configuração da Esplanada são Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura).


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