Folha de S. Paulo


Cunha defende que veto de Dilma a reajuste do Judiciário seja mantido

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) defendeu nesta segunda-feira que o Congresso mantenha o veto de Dilma ao reajuste médio de 59,5%, nos próximos quatro anos, aos servidores do Judiciário.

Responsável pelas maiores derrotas legislativas da presidente em 2015, o deputado afirmou que o melhor é adiar a sessão de votação de vetos, marcada para esta terça-feira (22), para evitar que se "acenda um fósforo em um tanque de gasolina".

"Acho que concretamente não deve se derrubar esse veto, seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira, acender fósforo em um tanque de gasolina. O ideal é a que a gente nem votasse isso amanhã", disse Cunha, embora avalie que há uma tendência até na oposição de não apoiar a derrubada do veto.

"O debate vai se colocando para todo mundo. Não tem sentido a gente recriminar e não concordar com a criação de imposto e ajudar a criar despesa", afirmou. A Folha mostrou no domingo (20) que, sob o comando de Cunha e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, o Congresso aprovou projetos que, se entrarem em vigor, representam gasto extra anual de R$ 22 bilhões aos cofres públicos.

ROMBO

Temendo uma derrota que resulte em gastos bilionários aos combalidos cofres federais, governistas começaram nesta segunda a se movimentar para evitar a realização da sessão que analisará os vetos da presidente Dilma Rousseff.

O impacto do reajuste calculado pelo governo é de R$ 25,7 bilhões até 2018, praticamente o mesmo valor de corte proposto agora por Dilma para equilibrar as contas públicas.

OPOSIÇÃO

Para o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, a dificuldade de se realizar a sessão do Congresso é uma "consequência da incapacidade do governo de negociar com a sua própria base aliada". De acordo com ele, o partido não terá uma orientação fechada sobre a manutenção ou derrubada dos vetos.

"Não há orientação fechada do PSDB. Muitos votaram, inclusive, em um primeiro momento, em razão até mesmo do encaminhamento favorável feito pelo PT, favorável a essas medidas. Mas as medidas que amanhã desequilibram ainda mais a situação fiscal do país e criam maiores dificuldades para a recuperação da economia são vistas com muita cautela pelo PSDB", disse.

Questionado sobre a estratégia do governo para inviabilizar a realização da votação dos vetos, Aécio afirmou apenas que o partido é minoria.

A sessão de vetos está marcada para as 19h desta terça. Pelo cenário discutido entre governistas, Renan poderia esticar a sessão do Senado para além desse horário. Como não é permitido o funcionamento da sessão do Congresso (que reúne Câmara e Senado) concomitantemente à do Senado, a primeira se inviabilizaria.

Para que um veto presidencial seja derrubado é preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores.


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