Folha de S. Paulo


PF quer esclarecer papel de vice-governador do Rio na Lava Jato

José Cruz/Agência Senado
BRASILIA , DF , 24.04.2013 , BRASIL Senador Francisco Dornelles (PP-RJ) fala durante discussão do projeto de lei da Câmara dos Deputados que regulamenta as atribuições dos delegados nos inquéritos policiais (PLC 132/2012) Crédito: José Cruz / Agência Senado ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP)

Um relatório da Polícia Federal enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) pede que seja esclarecido o papel do vice-governador do Rio Francisco Dornelles (PP) no esquema de corrupção da Petrobras.

O documento pede que seja realizado o depoimento do vice-governador e justifica que a medida é necessária porque ele comandou o PP entre 2007 e 2013, tendo tratado de doações de empresas investigadas por desvios na estatal ao partido.

Segundo a PF, "faz-se necessário, portanto, trazer para a apuração dos fatos a participação de Francisco Dornelles, em razão de, na condição de presidente do PP, haver solicitado a Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras] R$ 2 milhões em doações para o diretório nacional do PP.

O texto fala ainda que "destaca-se que em um cenário de corrupção partidária desta envergadura seria improvável sem o conhecimento e anuência do presidente do partido, razão pela qual, além de Ciro Nogueira, atual presidente do PP, a conduta do ex-presidente do partido, o ex-senador e atual vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, também e trazida para a presente análise investigativa".

A PF aponta que o diretório nacional do PP teria recebido R$ 2,74 milhões em doações eleitorais do grupo Queiroz Galvão, sendo R$ 2,4 milhões da Vital Engenharia, ligada ao grupo, que também teria repassado R$ 7,5 milhões no evento relatado pelo doleiro Alberto Yousseff e que beneficiou diversos parlamentares e diretórios do PP.

Procurada pela Folha, a assessoria de Dornelles ainda não se manifestou.

O PP é o partido com o maior número de congressistas investigados na Lava Jato. Dos 35 parlamentares, 18 deputados e três senadores são alvo de inquérito no STF –sendo que o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL) já foram denunciados pela Procuradoria Geral da República ao STF pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

A diretoria de Abastecimento, comandada por Costa, servia inicialmente para abastecer repasses ao PP, que eram operados por Youssef, e depois passou a atender também o PMDB. Por isso a prevalência de citações a parlamentares do PP.

Em sua delação, o doleiro inclusive cita parlamentares que foram buscar pessoalmente dinheiro no escritório de sua empresa, a GFD, em São Paulo.


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